Publicado em: 22/01/2025 às 12:40hs
A safra de uva 2024/2025 na Serra Gaúcha promete ser uma das mais produtivas dos últimos anos. De acordo com levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar, que abrange 55 municípios — 49 localizados na região de Caxias do Sul e seis nas áreas administrativas de Lajeado e Passo Fundo —, a previsão é de uma produção de 860.000 toneladas de uvas, representando um aumento de 55% em relação à safra anterior (2023/2024) e de 5% quando comparada a uma safra considerada “normal”.
A estimativa engloba uvas destinadas à transformação industrial (745.000 toneladas), ao consumo doméstico (15.000 toneladas) e ao consumo in natura (100.000 toneladas). A colheita da variedade mais cultivada na região, a Bordô, foi antecipada em 20 dias, o que pode resultar no encerramento da Vindima já no final de fevereiro. As variedades superprecoces e precoces apresentaram excelente sanidade, boa coloração e teor de açúcar, e, com a manutenção das atuais condições climáticas, as cultivares de ciclo médio e tardio, como Cabernet Sauvignon, Moscatos e Isabella, devem seguir com qualidade similar.
Enio Ângelo Todeschini, engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, ressaltou que, apesar dos desastres naturais registrados em 2024, especialmente o excesso de chuvas no outono e inverno, que saturaram o solo por quatro meses, a safra surpreendeu positivamente. "Era de se esperar uma safra com sérias deficiências, mas tivemos uma excelente brotação, com número e vigor das gemas, fertilidade dentro da média e tamanho dos cachos acima da média", afirmou Todeschini.
O bom desempenho foi atribuído a diversos fatores, como o acúmulo de horas de frio, ainda que mal distribuído, e a ausência de geadas tardias. Além disso, o clima de setembro a dezembro, com baixas temperaturas noturnas e máximas diurnas abaixo da média, favoreceu o florescimento, o desenvolvimento e a maturação das uvas, resultando em menor necessidade de intervenções fitossanitárias.
Todeschini também destacou o impacto positivo do uso de planta de cobertura do solo, uma prática adotada pela Emater/RS-Ascar há décadas. Essa técnica reduz o uso de herbicidas e fertilizantes, além de prevenir perdas de solo, nutrientes e água. "O manejo dos pomares tem se aperfeiçoado a cada ano, refletindo-se em maior produtividade e, nesta safra, na redução das perdas", concluiu o engenheiro agrônomo.
Quanto ao preço pago ao produtor, o extensionista explicou que, inicialmente, esperava-se que a indústria oferecesse valores semelhantes aos da safra anterior. Contudo, devido aos baixos estoques de produtos e à constatação de uma safra maior, a lei da oferta e da procura acabou prevalecendo, o que resultou em ajustes nos preços.
Fonte: Portal do Agronegócio
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