Fruticultura e Horticultura

Safra de uva anima produtores de Erechim (RS)

Apesar de uma quebra de 40% na produção, a qualidade da uva deve agradar o paladar do consumidor


Publicado em: 17/12/2012 às 17:20hs

Safra de uva anima produtores de Erechim (RS)

Os produtores de uva de Erechim têm motivos para comemorar. O bom preço praticado no mercado atualmente deve se manter, além disso a situação climática favorável fez com que a fruta atingisse um nível de açúcar que deve agradar o consumidor. Dessa forma, mesmo com uma quebra de 40% na produção de uva no município, a expectativa é que os custos de produção sejam superados.

Um dos produtores de uva mais tradicionais de Erechim, Marino Slongo, conta que mesmo com os problemas de geada e granizo enfrentados pelos produtores de Erechim a expectativa é que tanto os produtores, quanto os consumidores fiquem satisfeitos com essa safra. Sua família, que produz uvas em Erechim há 102 anos e atualmente trabalha com 25 variedades diferentes, terá nesta safra um produto que deve agradar o paladar do consumidor, porém, os cachos estão visualmente comprometidos, em função das geadas e granizo.

Marino Slongo comenta que em Erechim a produção de uva ocupa regiões geográficas bastante distintas, pois os produtores possuem propriedades em diferentes áreas do município. Como cada área tem características geográficas diferentes, nem todas as propriedades foram atingidas por geadas ou granizo. Por isso há produtores que estão com uma produtividade muito alta, por outro lado, alguns registram 60% de perdas. Por isso, em média, o município terá uma quebra de aproximadamente 40% na produção de uva.

Porém, ele lembra que as condições climáticas fizeram com que a uva adquirisse uma característica particular. O teor de açúcar contido no fruto é muito alto. Desta forma, apesar dela não estar visualmente bonita, em função da geada, ela está muito saborosa, o que deve agradar o consumidor e fazer com que os derivados da uva, como o vinho e o suco, também tenham uma qualidade superior no que se refere ao sabor e aroma.

O produtor também enfatiza que o preço de comercialização deve agradar o produtor. “Acredito que o preço médio para comercialização deve ficar em torno de R$ 2,00 o quilo. Este valor cobre os custos de produção, deixando uma margem de lucro interessante para o produtor. Além disso, é um valor bom para o consumidor em função da qualidade da uva que será colocada no mercado” disse Slongo.

Marino Slongo comenta que Erechim já foi protagonista na cadeia produtiva de uva, passou por algumas crises, mas nos últimos 15 anos a situação vem se alterando de modo positivo. Ele lembra que entre as décadas de 1920 e 1940 Erechim era o segundo polo produtor de uva no Rio Grande do Sul, porém, com o passar das décadas, por uma série de situações políticas e econômicas, Erechim foi perdendo este status. “Hoje, além da região da Serra, estamos atrás da região da fronteira.

Porém, temos um diferencial que precisa ser explorado, que é a qualidade da uva produzida em Erechim. Devido às condições geográficas e climáticas, conseguimos produzir uvas mais doces, com sabor e aroma diferenciados”, disse Slongo. Segundo ele mesmo que o município não consiga produzir a mesma quantidade que outras regiões do Rio Grande do Sul, é possível se consolidar no mercado através da qualidade da uva erechinense, que tem grande aceitação pelo consumidor.
 
Um meio que a família Slongo encontrou para agregar valor ao produto é fazer a produção orgânica de uvas. Segundo ele a intenção é desenvolver experiências de controle de doenças e eliminação de pragas sem a utilização de agrotóxicos. Também é feito um tratamento de solo adequado para que a videira receba a quantidade exata de nutrientes para ter a maior produtividade possível com o máximo de qualidade. Um de seus objetivos é aumentar a quantidade produzida em estufas.

Segundo ele está sendo realizado um planejamento em sua propriedade para reduzir a área plantada, mas agregar valor à uva. Além da produção orgânica, o produtor mantém uma agroindústria onde produz vinhos e sucos, o que também agrega valor na comercialização.

A família também está buscando uma fonte de renda alternativa explorando o turismo rural. A propriedade com edificações centenárias traz um pouco da história da colonização de Erechim. Desta forma, além de comercializar uvas orgânicas, vinhas e sucos na propriedade, o consumidor pode conhecer um pouco sobre a história da produção da uva em Erechim. Novos investimentos devem ser feitos nos próximos meses para atrair ainda mais consumidores para a propriedade da Família Slongo.

Feira do Produtor e Festa Di Bacco

Atualmente os meios mais rentáveis de comercialização de uvas são a Feira do Produtor e a Festa Di Bacco, que acontece todos os anos em Erechim. Mas neste ano, em que a Festa Di Bacco chega na sua 13ª edição, a Familia Slongo não deverá participar. “Neste ano optei em não participar da festa, pois acredito que ela está perdendo o seu foco principal, que é de comercializar e expor os produtos de Erechim. Neste ano, em função das geadas e de algumas incidências de granizo as uvas ficaram visualmente comprometidas, e a organização optou em comprar uvas de outras regiões para vender na festa. Nós não concordamos com isso, e não vamos participar. Como produtor, gostaria de colocar o que é produzido na minha propriedade, independentemente das questões visuais da uva”. Slongo explica que foi voto vencido, e como não concorda em utilizar a festa para comercialização de produtos de outras regiões, preferiu não participar do evento neste ano.

Fonte: Diário da Manhã - Passo Fundo

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