Publicado em: 25/03/2025 às 11:10hs
Um relatório recente da Consultoria Agro do Itaú BBA, que avalia as tendências e atualizações do setor agropecuário, destaca a queda nos preços da laranja e do suco no Brasil e no exterior. A análise inclui fatores que impactam as perspectivas para as principais commodities agrícolas, com ênfase na laranja, cujos preços sofreram uma pressão significativa devido à menor qualidade da fruta.
O mercado brasileiro de laranja tem enfrentado uma queda nos preços da fruta destinada à indústria, principalmente devido a um ratio brix°/acidez abaixo do esperado. O baixo índice de doçura das laranjas tem prejudicado o processo de fabricação do suco, tornando-o menos doce e mais ácido, o que impacta a aceitação do produto pelo consumidor. Segundo dados do Cepea, em 18 de março, a laranja posta na indústria foi cotada a R$ 60 por caixa de 40,8 kg, o que representa uma queda de 28% em relação ao mês anterior.
Simultaneamente, o mercado internacional também tem experimentado uma redução nos preços do suco de laranja. Na Bolsa de Nova York, o suco laranja FCOJ registrou uma queda de 24% desde o início do ano, sendo negociado a USD 258,9 por libra.
De acordo com a Citrus BR, os estoques globais de suco de laranja brasileiro, equivalentes ao FCOJ, somaram 351,4 mil toneladas no final de 2024. Esse número representa uma queda de 24,2% em relação a 2023, marcando o menor nível da série histórica. A Citrus BR, que abrange as três principais empresas do setor, responsáveis por mais de 70% das exportações mundiais, atribui essa redução à baixa produção nos últimos anos.
As exportações brasileiras de suco de laranja também mostraram queda em fevereiro, com 52 mil toneladas enviadas, o que representa uma redução de 15% em relação ao mesmo mês de 2024. No entanto, os preços em dólares por tonelada, apesar de um leve recuo de 4% em relação a janeiro de 2025, apresentaram um aumento de 79% em comparação ao mesmo período de 2024.
O clima também é um fator relevante para as perspectivas da próxima safra. Em São Paulo, principal estado produtor de laranja, a falta de chuvas pode afetar o desenvolvimento das plantas para a safra 2025/26. De acordo com o CPC/USDA, entre 16 de fevereiro e 15 de março, a precipitação na região foi de apenas 25% do normal, com um acumulado de no máximo 50 mm, 90 mm abaixo da média. Esse cenário pode levar a um estresse hídrico, que aceleraria o ciclo das plantas, resultando em uma florada precoce, com possíveis impactos negativos na safra seguinte.
No entanto, os efeitos desse estresse hídrico só devem ser sentidos na safra de 2025/26, já que a colheita da safra 2024/25 já está praticamente concluída. Caso a seca persista, o desenvolvimento das lavouras poderá ser prejudicado, afetando o acúmulo de açúcares e nutrientes necessários para a boa formação dos frutos.
Nos Estados Unidos, o USDA revisou suas estimativas de produção de laranja, reduzindo a previsão para 59 milhões de caixas, uma diminuição de 1,3% em relação à estimativa anterior, devido à menor produção na Califórnia. Essa cifra é 11% inferior à produção do ano passado. Para a Flórida, a estimativa é de 11,6 milhões de caixas, com um aumento de 100 mil caixas em relação a fevereiro, mas esse crescimento se refere apenas às variedades de laranja consumidas in natura, como a Navel. Já a produção de laranja Valência foi mantida em 7 milhões de caixas.
A combinação desses fatores – queda nos preços, redução na qualidade da fruta, clima desfavorável e estoques reduzidos – indica desafios para a indústria de laranja nos próximos meses, tanto no Brasil quanto no mercado internacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias