Publicado em: 16/12/2022 às 17:40hs
O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em parceria com a Faculdade de Agronomia da Universidade Central da Venezuela (FAGRO-UCV), o Instituto Venezuelano de Pesquisas Científicas (IVIC) e a Rede de Musáceas da Venezuela (MUSAVEN) fortaleceram as capacidades do país sul-americano para enfrentar o avanço da cepa Tropical Race 4 (TR4) do fungo Fusarium, que ameaça seriamente o cultivo mundial de banana.
Na Venezuela, a murcha repentina em musáceas tem afetado a produção de banana desde 2006. A sintomatologia nas plantas é muito parecida à da fusariose da banana, pois se manifesta principalmente como coloração amarela e dobramento das folhas inferiores, obstrução dos feixes vasculares, presença de pontos filamentosos e bolsas gomosas avermelhadas, encurtamento dos entrenós, desenvolvimento lento e anômalo da planta e necrose no interior dos limbos.
Em 2022, o país contou com o acompanhamento da Parceria Global contra a TR4, apoiada pelo IICA e cuja missão é dar suporte ao setor da banana perante os desafios da doença, pelo desenvolvimento de conhecimentos, tecnologias e mecanismos que permitam encontrar uma solução científica definitiva que favoreça a erradicação do fungo.
Os pesquisadores Yonis Hernández e Rafael Mejías, da FAGRO-UCV; e Edgloris Marys, do IVIC, integrantes do Cluster em Detecção Molecular de Fitopatógenos Emergentes e Segurança Alimentar, realizaram um estudo sobre a situação da murcha repentina em musáceas na Venezuela, com o objetivo de conhecer de forma precisa os patógenos envolvidos na doença e sua potencial disseminação no país.
Entre as atividades realizadas, destacam-se as seguintes:
O estudo determinou que, nas oito unidades de produção amostradas nos estados de Aragua e Carabobo, foi observada a presença de plantas enfermas com sintomas de coloração amarela nas folhas, necrose e murcha. Os organismos causadores da sintomatologia observada são: Fusarium oxysporum f.sp. cubense, predominante na maioria das demonstrações analisadas; Ralstonia solanacearum; e uma bactéria causadora de podridão mole, presumivelmente a Pectobacterium carotovorum ou Dickeya paradisiaca.
“Com a ajuda da Parceria Global contra a TR4, conseguimos montar uma equipe de trabalho na Venezuela que projetou as amostragens e envolveu o Instituto Nacional de Saúde Agrícola Integral (INSAI) e a UCV, iniciando assim os isolamentos e a sequenciação e, em breve, a identificação de impressões genéticas dos patógenos. Estamos seguindo um excelente caminho para a identificação de todos os microrganismos envolvidos na murcha da banana na Venezuela, e esperamos ampliar a amostragem para todo o país”, expressou Edgloris Marys Sarabia, Chefe do Laboratório de Biotecnologia e Virologia Vegetal do IVIC.
“Podemos dizer que, para nós, os resultados foram satisfatórios, pois comprovamos que os patógenos mencionados estão envolvidos nessa murcha repentina das bananas. O diagnóstico foi totalmente harmonioso com o guia da Comunidade Andina, estudamos diversos manuais e elaboramos um sistema para a amostragem que foi a parte inicial do diagnóstico”, disse Yonis Hernández, Chefe de Fitopatologia da FAGRO-UCV.
A Parceria Global contra o Fusarium TR4 foi estabelecida em 2021 pelo IICA e parceiros internacionais do setor privado e da academia, entre eles a Bayer, a Chiquita Brands International, o Instituto Internacional de Agricultura Tropical (IITA), a Corporación Bananera Nacional (CORBANA), da Costa Rica, a Rede Solidariedade e a Universidade de Wageningen (Países Baixos).
Segundo os especialistas, graças à complexidade e ao tempo necessário para introduzir novas variedades resistentes ou tolerantes, a melhor via para combater a murcha por Fusarium é evitar a sua propagação, uma vez que se trata de uma doença que não pode ser erradicada; a prevenção é a forma mais eficaz de combate à doença, pelo uso de material vegetal certificado, controles quarentenários e vistorias periódicas.
Pela importância estratégica da banana na alimentação e receitas da agricultura familiar, é necessário fortalecer as capacidades para prevenir, diagnosticar, vigiar e conter os surtos do fungo, bem como para conscientizar e divulgar informações entre as comunidades agrícolas.
Fonte: IICA
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