O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), revelou, em entrevista hoje (15), que a indústria brasileira suspendeu as exportações de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ) ao mercado norte-americano, após a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) vetar a entrada da bebida com limites de carbendazim acima do permitido. Segundo ele, a decisão ocorreu diante da demora da FDA para responder ao pedido feito pela CitrusBR de revisão dos limites de carbendazim para o FCOJ.
“As empresas não podem esperar e decidiram unilateralmente se reajustar. Elas já iniciaram o processo de ajuste logístico. O suco concentrado não está seguindo mais (para os Estados Unidos) e o que entrou e foi retido será reexportado”, explicou Lohbauer. “Além disso, as fábricas de companhias brasileiras na Flórida também precisaram reordenar a produção”, completou.
Com a decisão, as exportações da bebida brasileira para os Estados Unidos serão resumidas ao suco fresco, ou seja, não concentrado e não congelado (NFC). Normalmente, o NFC, por conter 5,8 vezes mais água que o FCOJ, tem resíduos de carbendazim abaixo de 10 partes por bilhão (ppb), limite máximo permitido pela FDA, o que não ocorre com o suco concentrado. “Nós pedimos que os limites de carbendazim fossem 5,8 vezes maior para o concentrado, mas isso esbarra na questão legal, já que o que é avaliado é o suco como entra no país”, explicou.
Lohbauer afirmou que o setor até considerou positiva a série de questionamentos feitas pela FDA após os pedidos da CitrusBR para a revisão dos limites de carbendazim, feitos há 15 dias, mas admitiu que “ao que tudo indica (a FDA) não vai aceitar as argumentações”. Cálculos da indústria apontam, segundo ele, um prejuízo de até US$ 50 milhões com as cerca de 20 mil toneladas de FCOJ que foram barradas nos Estados Unidos entre janeiro e fevereiro e que terão de ser reexportadas.
“Para o efeito da balança comercial, isso não é o pior, mas sim a queda no consumo de suco de laranja nos Estados Unidos, que foi de 25% na década passada, e deve se agravar; já identificamos uma redução em janeiro por conta disso”, explicou Lohbauer. “Há ainda o impacto da cadeia dos EUA, já que 80% do suco americano consumido é misturado (quase sempre com o brasileiro), para ter uma cor e um gosto especiais”, completou.
Estoques e LEC
Lohbauer revelou, ainda, que os estoques brasileiros de suco de laranja em 31 de dezembro atingiram 932 mil toneladas, ante 214 mil toneladas no início da safra 2011/2012, em julho. Segundo o presidente da CitrusBR, o volume inclui as 300 mil toneladas de estoques financiadas pelo governo por meio da Linha Especial de Crédito (LEC) criada para a retenção da bebida. “Não é um volume alto, é uma recomposição se avaliarmos que em julho passado os estoques eram os mais baixos da história”, disse.
Lohbauer disse que os recursos da LEC deste ano, se necessários, serão discutidos com o governo por meio do Consecitrus, conselho entre indústria e produtores que deve ser criado até o próximo mês. Por fim, o executivo revelou que a cadeia industrial de suco de laranja, que inclui os produtores, exportadores e engarrafadores, deve criar, até 2013, uma campanha mundial para incentivar a retomada do consumo da bebida. Com isso, a campanha “I Feel Orange”, criada pela CitrusBR para as redes sociais no ano passado, deve se tornar um braço dessa iniciativa conjunta.