Fruticultura e Horticultura

Falta de chuva reduz em 30% a produção de citros no Alto Uruguai

Os frutos que não foram perdidos por causa de rachaduras, não cresceram o suficiente


Publicado em: 05/06/2012 às 09:20hs

Falta de chuva reduz em 30% a produção de citros no Alto Uruguai

A estiagem que assola o Rio Grande do Sul há sete meses deixa um rastro de prejuízos em todas as culturas. No Alto Uruguai, os pomares de laranjas e tangerinas refletem a falta de chuva com uma quebra de produção de 30%. Em Erechim, há 160 hectares de pomares de laranjas e 26 hectares de pomares de tangerina, dos quais estimava-se colher 2.880 toneladas de laranjas e 312 toneladas de tangerina.

Na região do Alto Uruguai, os pomares de citros estão instalados, em sua maioria, nas propriedades de agricultores familiares, que fazem o cultivo em espaços de um a três hectares. Conforme o engenheiro agrônomo do escritório municipal da Emater, Cezar da Rosa, nas pequenas propriedades precisa ser trabalhada a diversidade de culturas, por isso a citricultura é uma boa alternativa.

Na propriedade de 12,5 hectares, que a agricultora Ivete Kubiak tem na localidade de Barra Fria, interior de Erechim, a bovinocultura de leite e a citricultura dividem espaço e fazem aumentar a renda da pequena propriedade, onde a laranja Valência ocupa uma área de quatro hectares e a tangerina Okitsu mais 0,3 hectares.
 
Conforme a agricultora, a tangerina Okitsu já foi toda vendida. Os cerca de 200 pés resultaram em uma produção de 2,5 toneladas, considerada boa por Ivete. “Está dentro da média, porque é um pomar novo, é o segundo ano de produção”, observa o agrônomo. No entanto, quem produz a tangerina Montenegrina e laranjas não fazem a mesma avaliação.

“Na Montenegrina ocorreu o fenômeno da turgescência, que é quando a parte interna cresce mais rápido que a parte externa (casca) acontecendo a rachadura dos frutos”, explica Cezar. Nos pomares de laranja e tangerina onde aconteceu esse fenômeno os produtores precisaram fazer mais um manejo, chamado de raleio, que seria retirar esses frutos rachados do pé para não prejudicar a produção dos outros.

Além da rachadura da casca, a falta de chuva prejudicou também o crescimento do fruto. “A laranja vai ser de péssima qualidade, ela está bem pequena, não tem muitas frutas e algumas não tem força para se manter no pé”, destaca Ivete. O engenheiro agrônomo observa que o fruto, em anos “normais” de chuva, estaria com o dobro de tamanho, além do mais, como não tem água no solo, a planta começa a desidratar e os frutos caem. “Nesta época do ano as laranjas teriam que estar com o dobro do tamanho”, analisa.

A preocupação da produtora faz sentido quando analisada a principal finalidade da produção: consumo in natura. Segundo Cezar, em grandes propriedades, a laranja Valência tem como destino a fabricação de sucos, mas quando a atividade passa a ser explorada na pequena propriedade, essa fruta acaba indo para o consumo in natura e, para isso, ela precisa ter um teor de açúcar adequado para o consumidor procurar o produto.

“O produtor faz uma seleção das frutas mais bonitas, das melhores, então vai para consumo in natura (em feiras, supermercados), mesmo tendo como finalidade a indústria. As frutas menores que ficam no pomar ou vão para a indústria de suco ou para o esmagamento artesanal”, conta o agrônomo. Na Feira do Produtor de Erechim, tem um agricultor que vende o suco e absorve grande parte dessa produção, inclusive as laranjas da propriedade de Ivete.

Nos 50 municípios que fazem parte da Emater regional, os pomares de laranja são cultivados em uma área de 5.751 hectares, sendo a variedade Valência a predominante em 5.060 hectares. Já a tangerinas estão instaladas 796 hectares e a variedade Montenegrina ocupa um maior espaço, 620 hectares. Em anos de chuvas dentro da média, os pomares de laranja têm uma produção de 18 toneladas. No entanto, este ano, em função da seca, há uma previsão de colher 13 toneladas da fruta por hectare. Já nas tangerinas, onde antes se estimava colher 12 toneladas por hectare, agora a expectativa é de colher oito toneladas.

Indústria baixa o preço do quilo das laranjas


A produtora Ivete Kubiak conta que a tangerina Okitsu foi comercializada a R$ 1,00 o quilo. Já as laranjas serão vendidas de R$ 0,80 a R$ 0,90 o quilo para consumo in natura. No entanto, o engenheiro agrônomo do escritório municipal do Emater, Cezar da Rosa, observa que, se essas laranjas forem para a indústria o produtor vai ganhar no máximo 20 centavos o quilo. “A indústria paga um preço menor porque está vindo muita fruta de São Paulo, onde este ano teve um excesso de produção”, destaca.

Da mesma forma, o preço do quilo da laranja para o consumo in natura também tende a baixar devido à vinda das frutas de São Paulo. “Devido à grande produção no estado paulista os mercados também compram por um preço menor, podendo repassar ao consumidor”. Nessa cadeia, quem perde é o pequeno produtor aqui da região, que vê seu pomar não render o esperado, por causa da seca, e ainda precisa competir com os preços de outros mercados.

Fonte: Diário da Manhã - Passo Fundo

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