Publicado em: 26/03/2025 às 12:10hs
A Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau, anunciará uma redução nas exportações de cacau a partir da próxima safra, prevista para 2025/2026. A decisão, confirmada por duas fontes regulatórias, reflete o impacto de uma queda contínua na produção, que enfrenta seu segundo ano consecutivo de declínio.
De acordo com as fontes, o regulador do setor reduzirá o limite de vendas contratuais para 1,3 milhão de toneladas métricas, o que representa uma diminuição significativa em relação à quantidade habitual de 1,7 milhão de toneladas. A decisão é resultado de duas safras fracas, afetadas por fatores climáticos adversos, o envelhecimento das plantações e o avanço de doenças nas plantas.
Três fontes do Conselho de Café e Cacau da Costa do Marfim (CCC) apontaram que os declínios consecutivos na produção indicam que a queda não é apenas cíclica, mas sim uma tendência estrutural. Estima-se que de 70% a 80% da produção anual do país seja vendida antecipadamente nos mercados globais como parte de contratos de venda. Durante a temporada 2022/2023, a Costa do Marfim produziu 2,3 milhões de toneladas de cacau, das quais 1,7 milhão foram comercializadas antecipadamente.
No entanto, a produção caiu para aproximadamente 1,75 milhão de toneladas na temporada seguinte, e as estimativas para a temporada 2024/2025 indicam números semelhantes. A análise das duas últimas safras gerou preocupações de que o país pode não retornar ao seu nível médio de produção de 1,3 milhão de toneladas durante a safra principal de outubro a março por vários anos.
Em média, a safra principal da Costa do Marfim gera 1,7 milhão de toneladas de cacau, com a safra intermediária, entre abril e setembro, alcançando cerca de 500 mil toneladas. Um funcionário do CCC comentou que limitar as vendas contratuais a 1,3 milhão de toneladas para a próxima safra é uma medida mais realista, diante das condições atuais.
“Não queremos correr riscos. Por isso, decidimos restringir as vendas de contratos de exportação a 1,3 milhão de toneladas”, afirmou uma das fontes do CCC.
Além disso, produtores de cacau e contadores de vagens relataram que a doença do broto inchado, uma doença viral sem tratamento, está se espalhando rapidamente pelas 13 regiões produtoras de cacau da Costa do Marfim. Estima-se que a doença tenha afetado cerca de metade dos campos de cacau no país.
A longo prazo, a renovação das plantações com novas sementes pode ajudar a mitigar os impactos, visto que as plantações envelhecidas, que representam 70% do total do país, são mais suscetíveis a doenças e às mudanças climáticas. As chuvas irregulares e as secas também têm contribuído para a redução na produção.
As condições climáticas entre abril e junho serão cruciais para determinar as perspectivas da próxima safra principal, com duas fontes do CCC afirmando que as equipes de contagem de vagens estão observando padrões semelhantes aos dos anos anteriores, em 2023 e 2024.
“No momento, as condições climáticas estão difíceis para a safra intermediária desta temporada”, destacou um contador de vagens.
Fonte: Portal do Agronegócio
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