O cinturão citrícola comercial brasileiro – entre o Estado de São Paulo e o Triângulo Mineiro – deve produzir 364 milhões de caixas de 40,8 quilos de laranja no ano-safra 2012/2013, queda de 15% ante as 428 milhões de caixas de 2011/2012, segundo a primeira estimativa da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), divulgada nesta quarta-feira.

Segundo o presidente da entidade, Christian Lohbauer, apesar da queda na produção, a safra ainda será grande e “é bem possível” que os números estimados hoje sejam revistos para cima.

“Na primeira estimativa do ano passado previmos 387 milhões de caixas e tivemos uma safra bem maior; neste ano, ao contrário do que seria normal para a cultura, com uma queda grande na produção, a baixa será pequena”, disse o executivo.

A CitrusBR informou que na safra 2011/2012 foram processadas 330 milhões de caixas e que o cenário ainda não permite prever qual o total de fruta será transformado em suco de laranja em 2012/2013.

Além da safra considerada grande, o estoque de passagem será de 300 mil toneladas de suco, considerado grande pela indústria, já que existe ainda um estoque extra de 311 mil toneladas retido na operação realizada no ano passado, financiada pela Linha Especial de Crédito (LEC) do governo federal.

Outro fator negativo, segundo a indústria, é a queda no consumo mundial de suco, principalmente nos Estados Unidos, com baixa de 11% desde janeiro, por conta da proibição das importações da bebida com limites do pesticida carbendazim pelos norte-americanos.

“Por isso, este ano ainda não dá para falar quanto a indústria vai processar, porque vamos ter muita laranja, muito estoque e um mercado em queda.

Com a combinação de tudo isso, vai ser um ano ruim e difícil para o produtor”, avaliou Lohbauer.

Crédito e oferta de suco

Uma das saídas para diminuir a pressão de excesso de oferta de suco de laranja no preço pago ao produtor de laranja em 2012/2013 é a prorrogação da Linha Especial de Crédito (LEC), que já é negociada entre a indústria e o governo, segundo o presidente da CitrusBR.

“Já tivemos uma reunião preliminar e teremos outro encontro em breve”, disse Lohbauer. Pelas regras da operação que liberou cerca de R$ 240 milhões no ano passado para a retenção de estoques de suco, um terço das 311 mil toneladas seria liberado em julho deste ano e os dois terço restantes em janeiro de 2013.

“A primeira ideia é prorrogar essas 311 mil t mais por mais um ano”, disse Lohabuer. Com isso, na avaliação do setor e do governo, a indústria brasileira, maior exportadora mundial de suco, sinalizaria ao mercado uma oferta menor, o que poderia sustentar os preços da bebida e, consequentemente, da fruta.