Publicado em: 21/06/2013 às 15:50hs
Com a chegada do período de floração dos pomares de laranja, que ocorrem entre os meses de julho e agosto, os citricultores paranaenses terão que intensificar a fiscalização das árvores para verificar a existência de focos do huanglongbing (HBL), mais conhecida como greening. Segundo o coordenador de sanidade da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), José Croce Filho, nesse período é quando há a brotação da primavera, o que facilita a transmissão da doença pelo psilídeo, inseto responsável pela disseminação da doença.
O Brasil está em alerta para a doença, já que a sua propagação está se tornando cada vez mais rápida. Segundo dados da Adapar, somente no Paraná, das 11 milhões de árvores plantadas no Estado, 2% estão contaminadas com greening. O número, considera Croce, ainda é baixo em comparação com outros estados, mas ele acrescenta que, se não houver uma intervenção, a doença vai se alastrar cada vez mais. Dados da Adapar apontam que, dos 159 municípios paranaenses que possuem produção de laranja, 89 já apresentam focos da doença.
O tema é preocupante, tanto é que foi motivo de uma reunião com cerca de 400 produtores do Norte e Noroeste do Estado, ontem, no Parque de Exposições Governador Ney Braga, em Londrina. O encontro teve por objetivo levar informação aos produtores sobre como lidar com a doença por meio de orientações técnicas. Croce Filho explica que os produtores devem fazer a inspeção contínua do pomar. "Quando encontrar uma planta com o foco da doença, o citricultor deve erradicá-la imediatamente", destaca o coordenador.
Segundo ele, muitos produtores não fazem o dever de casa, inclusive no controle do psilídeo com o uso da pulverização, por isso a doença continua se perpetuando. Croce alerta que o não cumprimento das normas de erradicação do pé quando há foco de greening, o produtor pagará uma multa de R$ 5 mil, devendo se acumular caso haja novos descumprimentos da Instrução Normativa 53, de 2008, que estabelece critérios de manejo de plantas com a doença.
Croce alerta que, quando o índice de infestação compromete mais de 28% do pomar, todo ele deve ser eliminado. "Agora é preciso eliminar as plantas doentes", enfatiza o especialista da Adapar.
Durante o encontro também foi debatido o comércio clandestino de mudas de laranja, outro vetor que propaga a doença. Croce destaca que a Adapar está atuando na fiscalização do comércio ilegal de mudas, mas completa que é necessário a conscientização dos produtores em comprar plantas de origem.
Perdas
O citricultor Paulo Olider Chiararia, de Jaguapitã, possui em sua propriedade 6,5 mil pés de laranja. Só no ano passado, ele teve que erradicar 400 árvores devido ao greening. Neste ano, esse número deverá chegar a 500 árvores, as quais deverão ser arrancadas. O prejuízo, conta o produtor, não é a reposição da muda, que custa, em média, R$ 5 a unidade, mas sim o trabalho e a demora para que essa planta comece a dar frutos. "Até ela produzir, tenho que adubar, passar fungicida, entre outros trabalhos", lamenta o citricultor. Chiararia completa que os pomares ficam desuniformes em relação às demais árvores.
Para garantir que a doença não se alastre ainda mais, o citricultor possui um funcionário exclusivo para identificar doenças no pomar. "Toda semana ele passa na lavoura para verificar se não há nenhum foco", completa. O produtor revela que a falta de assistência técnica nas pequenas propriedades pode ajudar na propagação do greening. Para resolver esse problema, ele reivindica que os técnicos visitem os pequenos citricultores, porque, na opinião dele, estão desassistidos.
Fonte: Folha Web
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