Publicado em: 17/11/2010 às 20:17hs
A cultura da banana assume importância econômica e social em todo o mundo, sendo cultivada em mais de 80 países tropicais. O Brasil é o quarto produtor mundial, sendo a banana a segunda fruta mais consumida no País, com uma produção aproximada de 6,9 milhões de toneladas, em uma área cultivada de 500 mil hectares, segundo dados da FAO – Órgão das Nações Unidas que cuida de Agricultura e Abastecimento.
A bananicultura possui uma grande importância socioeconômica no Nordeste, sendo geralmente explorada por pequenos agricultores, predominando a mão-de-obra familiar. Constitui parte integrante da alimentação de populações de baixa renda, não só pelo seu alto valor nutritivo, mas também pelo seu baixo custo, tendo papel fundamental na fixação da mão-de-obra rural.
A região Nordeste, segundo dados do IBGE, é responsável pela maior produção, com 2,7 milhões de toneladas, ocupando uma área de 210.374 ha, correspondendo a 38,6% da produção total do País, seguida pelo Sudeste, com 29,8% da produção.
A bananeira é uma das fruteiras de importância socioeconômica para o Estado de Sergipe, no entanto o uso de cultivares inadequadas e problemas fitossanitários têm sido o entrave para um maior desenvolvimento da cadeia produtiva. Dentre as áreas de produção de banana em Sergipe destacam-se as microrregiões de Cotinguiba, Baixo Cotinguiba e Propriá. A bananicultura dessa região está alicerçada em cultivares do tipo Prata, principalmente 'Prata Anã' e 'Pacovan', que são suscetíveis a diversas doenças, como a Sigatoka amarela e o mal do Panamá. A variedade Maçã, apesar do excelente sabor e de alcançar preços altos no mercado, praticamente desapareceu das áreas produtoras, devido à elevada suscetibilidade ao mal do Panamá.
Atualmente, uma ameaça aos plantios de banana, não somente de Sergipe, mas de todo o Nordeste, tem sido a Sigatoka negra, doença altamente destrutiva que, embora não esteja presente na região, constituirá um sério problema caso venha ocorrer em alguma área produtora. Uma vez que as medidas de controle convencionais são inviáveis, uma estratégia para a solução desses problemas é a obtenção de novas cultivares produtivas e resistentes, mediante o melhoramento genético.
Diante disso, a Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju – SE), em parceria com a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas –BA), ambas Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, conduziu no período de 2004 a 2007, um experimento de avaliação de 20 genótipos de bananeira, no perímetro irrigado Cotinguiba-Pindoba, no município de Propriá, região do Baixo São Francisco, SE. Pela avaliação conjunta das características agronômicas e produtivas, elegeram-se os híbridos PV42-53 e PV42-68 (denominados 'Pacovan Ken'), como alternativas à cultivar Pacovan; o YB42-07 ('Princesa'), como opção para áreas de cultivo de banana ‘Maçã’; a ‘FHIA-18’, como alternativa à cultivar Prata Anã e os híbridos Ambrosia, Bucaneira e FHIA-2 para uso agroindustrial.
Atualmente a Embrapa Tabuleiros Costeiros, com o objetivo de expandir a área de recomendação de novas cultivares de banana em Sergipe, está avaliando 22 materiais em área de tabuleiros costeiros no Campo Experimental Jorge Sobral, em Nossa Senhora das Dores. Espera-se que em 2011 novas cultivares possam ser recomendadas para a região. A Embrapa Tabuleiros Costeiros, em parceria com a Empresa Sergipana de Desenvolvimento Agropecuário – Emdagro, mantém quadras demonstrativas de banana no Centro de Difusão de Tecnologias em Itabaiana. Além dessas ações, a recente inauguração da Biofábrica de mudas no Sergipe Parque Tecnológico – SergipeTec, com produção inicial de 500 mil mudas de banana micropropagadas, fortalecerá sobremaneira a cadeia produtiva da frutífera, viabilizando aos produtores acesso a mudas de qualidade.
Ana da Silva Lédo - Pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros
Fonte: Embrapa Tabuleiros Costeiros
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