Publicado em: 18/12/2009 às 19:30hs
Embrapa Tabuleiros Costeiros procura enriquecer seu banco de germoplasma com novas cultivares de coqueiros com o objetivo de aumentar a produtividade e melhorar a qualidade da água e polpa
O coqueiro (Cocos nucifera L.) é constituído de uma só espécie com duas variedades, coqueiro-gigante e coqueiro-anão. No Brasil, há registro de que as populações de coqueiro gigante foram introduzidas a partir de 1553 pelos portugueses e as de coqueiro anão posteriormente.
A cocoicultura gera emprego e renda para mais de 500 mil pessoas envolvidas diretamente no processo, além dos inúmeros empregos indiretos gerados ao longo da cadeia produtiva, nos setores secundário e terciário da economia brasileira.
Na região Nordeste, o cultivo gera emprego e renda para mais de 220.000 produtores, sendo que mais de 85% deles são pequenos agricultores familiares localizados, principalmente, nas regiões litorâneas, com propriedades inferiores a 10 ha,
Em 2000 a cocoicultura chegou a representar 5% do valor gerado por toda agricultura nordestina. Contudo, para que ocorra o aumento e melhoria na produtividade de coco no Brasil é necessário, entre outros, que os programas de melhoramento tenham disponíveis fontes de novos genes para características de interesse.
Nesse sentido, atividades desenvolvidas na área de recursos genéticos, realizadas por meio da introdução, coleta de populações naturalizadas, caracterização morfológica e molecular e avaliação agronômica são relevantes, pois, além de fornecer informações para o cultivo, disponibiliza novas fontes de genes e preserva os acessos para gerações futuras.
A Embrapa Tabuleiros Costeiros possui o maior Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de coqueiro do Brasil. A prospecção e coleta de germoplasma das populações naturalizadas de coqueiro gigante tiveram inicio na década de 80 e já foram coletadas cerca de dez populações na costa nordestina.
Contudo, verifica-se atualmente forte pressão da ação do homem que provoca de forma intensa o fenômeno da erosão genética, causada, principalmente, pela expansão imobiliária e projetos de turismo na costa nordestina, além da expansão da lavoura da cana-de-açúcar.
Dessa forma, com o intuito de resgatar e preservar a variabilidade genética de populações de coqueiro gigante, novas ações de coleta foram realizadas pela Embrapa. Contudo, tendo em vista a racionalização de recursos e maximização do uso da área, há interesse em se manter no BAG apenas populações divergentes geneticamente para as características de interesse.
Assim, torna-se necessário, antes da implantação definitiva dos acessos no Banco Ativo, estimar, por meio de marcadores moleculares, a divergência genética entre as novas populações de coqueiro gigante.
Novas coletas ao longo das regiões produtoras de coco no Brasil, além da avaliação das populações já introduzidas e em processo de introdução, a fim de termos dados do perfil genético destas plantas, será de extrema importância na busca de genes de interesse econômico, para serem usados nos programas de melhoramento da cultura, atendendo assim a demanda dos agricultores por genótipos resistentes, aumento da produtividade e melhor qualidade de água e polpa.
Leandro Diniz é especialista em Biotecnologia Vegetal e pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros
Fonte: Embrapa Tabuleiros Costeiros
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