Publicado em: 01/10/2024 às 11:50hs
A chegada da primavera traz uma nova vida às paisagens e enche os jardins de cores vibrantes. Para os produtores de flores, o último trimestre do ano representa um período intenso de trabalho, uma vez que a demanda aumenta em função das festas de fim de ano e formaturas. Na região de Barbacena, um dos principais polos de produção de flores de corte do Brasil, os floricultores vivenciam um reaquecer no mercado, superando a crise severa enfrentada durante a pandemia.
Nos dias 10 a 13 de outubro, a 52ª Festa das Rosas e Flores de Barbacena será realizada no Parque de Exposições Senador Bias Fortes. Este evento tradicional é uma oportunidade de reconhecer o empenho dos produtores em cultivar flores cada vez mais belas, visíveis nas exposições e nos estandes ornamentados.
Na Festa das Rosas, diversos produtores de flores e plantas ornamentais da região participam, buscando aumentar suas vendas e promover suas marcas. “Os produtores estão cada vez mais focados na qualidade. Eles implementam novas técnicas e buscam as variedades de rosas mais impressionantes do mundo para encantar seus clientes”, observa Carlos do Carmo Rodrigues, coordenador Regional de Culturas da Emater-MG.
Na área atendida pela Unidade Regional da Emater-MG de São João del Rei, os principais municípios produtores de flores de corte incluem Alfredo Vasconcelos, Antônio Carlos, Barbacena, Ressaquinha e São João del Rei, que juntos produzem cerca de um milhão e 230 mil dúzias de flores anualmente. Tiradentes também se destaca na floricultura, com uma produção de 30 mil vasos de orquídeas. A delicadeza exigida pela atividade faz com que a mão de obra feminina seja amplamente predominante no setor.
Carlos destaca que a produção de flores enfrentou um período desafiador durante a pandemia, especialmente em 2020 e 2021, quando o isolamento social e o cancelamento de eventos, essenciais para a geração de renda, impactaram negativamente o setor. “A pandemia foi um grande desafio, mas os produtores locais se esforçaram para expandir suas vendas, abrindo novos mercados, como o estado de São Paulo, e investindo em vendas virtuais. Essa rearticulação fortaleceu a produção local, e com a retomada dos eventos, o mercado está em ascensão novamente”, afirma o coordenador da Emater-MG.
O produtor Mário Raimundo de Melo, do Sítio Candeias, que atua na região de Barbacena e Alfredo Vasconcelos há 27 anos, aponta que a produção de flores sempre foi um empreendimento desafiador. “É um mercado complexo e restrito. Em geral, os compradores já têm seus fornecedores, e a atividade exige grande profissionalismo, pois as flores são produtos extremamente delicados e perecíveis”, explica.
Mário enfatiza que a produção de rosas envolve várias etapas que requerem dedicação e cuidado. O armazenamento, a embalagem e o transporte das flores exigem atenção especial, incluindo o uso de câmaras frias. “Esse trabalho demanda muita mão de obra, pois tudo é feito manualmente, desde a poda até a seleção das flores. Hoje em dia, está difícil encontrar trabalhadores, mesmo com aumento de benefícios e salários”, comenta o agricultor.
Além da dificuldade na mão de obra, Mário ressalta o aumento dos custos com energia elétrica (necessária para irrigação e câmaras frias), embalagens plásticas, royalties das flores (cotados em moedas estrangeiras), defensivos e insumos. “Os custos de produção estão subindo consideravelmente, então o produtor deve operar com inteligência para evitar prejuízos”, alerta.
Para facilitar a comercialização, Mário, assim como outros produtores da região de Barbacena, firmou uma parceria com a Cooperflora, enviando sua produção para a cooperativa em Holambra, São Paulo, que cuida das vendas. “O fim do ano é um período de alta demanda por conta das formaturas e festas. Portanto, trabalhamos intensamente para atender aos pedidos. Para o Réveillon, por exemplo, precisamos produzir rosas brancas e amarelas”, explica o produtor. Essa estratégia de sempre buscar a satisfação do cliente tem sido uma receita de sucesso ao longo dos anos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), o mercado de flores e plantas no Brasil atingiu, em 2023, um valor de R$ 17,8 bilhões. No ano passado, as exportações de produtos da floricultura brasileira foram enviadas para 59 países, com destaque para a Holanda (34,6%), Estados Unidos (20,8%), Uruguai (15,2%), Itália e Bélgica.
Dados do sistema Safra Agrícola da Emater-MG indicam que a produção de flores de corte em Minas Gerais foi de 15,51 bilhões de dúzias em 2023, com uma expectativa de 14,3 bilhões de dúzias para este ano. Os principais municípios produtores de flores de corte em Minas incluem Andradas, Alfredo Vasconcelos, Jacutinga, Munhoz e Antônio Carlos. A produção de flores envasadas foi de 942.330 vasos em 2023, e a previsão para 2024 é de 947.330 vasos. Teófilo Otoni, Patos de Minas, Tiradentes, Itapeva e Nova Porteirinha também se destacam como importantes produtores na floricultura mineira.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias