Publicado em: 17/09/2013 às 11:10hs
Produtores consultados pelo DCI afirmam que a área plantada com o grão deve sofrer pressão do aumento da fronteira da Soja, que por causa dos altos preços está atraindo os produtores neste início de plantio.
Em Unaí (MG), um dos principais polos de cultivo de feijão no País, o agricultor Alcides Ribeiro dos Santos conta que vai diminuir pela metade a área plantada com feijão na próxima safra para dar lugar ao plantio de Soja. "Plantei em outubro 300 hectares. Agora serão 150 hectares", afirma o produtor. Ele diz que, além do preço da Soja mais atrativo, os gastos para combater a praga da mosca branca também foi um elemento importante em sua decisão. Nesse ano, ele chegou a pagar quase R$ 800 por 14 aplicações de agrotóxico. Mesmo assim, a mosca branca reduziu sua produtividade de 35 sacas por hectare para 18.
A situação é semelhante no Paraná. João Galvão, agricultor da cidade de Castro, conta que deve reduzir sua área plantada com feijão em 20%, ante os 300 hectares plantados neste ano. "Toda área que vou tirar do feijão vai ser aumentada em Soja", afirma. Galvão argumenta que, além dos preços da Soja no mercado futuro, o dólar valorizado também é favorável à commodity. Porém, na região centro-oeste paranaense, ele acredita que a área plantada com feijão deva ficar estável. "A área de feijão vai continuar a mesma. No período de comercialização, o feijão atingiu R$ 226 reais, hoje o preço está em R$ 144. Ou seja, na hora que estão colhendo, o preço não está agradando. E, pelo contrário, a Soja está prometendo remunerar bem."
Já o produtor José Rubem Santiago, de Araçoiaba da Serra (SP) - pouco relevante na produção nacional -, pretende aumentar sua área plantada com feijão de 130 hectares para 193 hectares para garantir a rotação de culturas em sua propriedade. Além disso, a ausência de infestação por mosca branca nesse ano foi um impeditivo a menos para Santiago.
Porém, se a tendência de redução de área se confirmar, o Brasil deverá produzir ainda menos feijão na próxima safra e pode ser forçado a aumentar as importações. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção foi de 2,8 milhões na safra 2012/2013, queda de 2,9% ante a safra passada.
Com isso, as importações de feijão já chegaram a 305,6 mil toneladas em agosto, alta de 24,7% na comparação anual.
O coordenador do Centro de Inteligência do Feijão (CIFeijão), João Ricardo Albanez, é mais otimista. Ele afirma que as últimas duas quebras de safra ocorreram por problemas climáticos e acredita que regiões produtoras como Paraná terão aumento de área plantada no próximo período, que começa em outubro deste ano. Albanez aposta ainda na melhoria das variedades das sementes para aumentar a produtividade o que pode garantir uma produção maior na próxima safra. "Temos extensão territorial enorme para a expansão. Principalmente com a irrigação", técnica adotada na terceira safra do grão, colhida em agosto. Ele concorda, porém, que a atratividade da Soja pode representar uma ameaça à produção do feijão.
Para Rui Russomano, diretor da Bolsa de cereais de São Paulo, é preocupante quando outra cultura começa a dar uma rentabilidade muito maior. "Só vai mudar isso na medida em que o governo der incentivo ao produtor", diz.
A isenção do imposto de importação, que tem garantido preços menores do grão, não é visto como uma ameaça à produção nacional pelos produtores. O governo prevê que as importações alcancem 400 mil toneladas.
Fonte: DCI
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