Publicado em: 31/01/2025 às 11:50hs
A colheita da primeira safra de feijão no Brasil segue em ritmo acelerado, com 39% da área cultivada de 908 mil hectares já colhida até o último domingo (26), conforme o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção brasileira deste ano deve atingir 1,088 milhão de toneladas, um aumento de 15,5% em comparação com o volume de 2024, que foi de 942,3 mil toneladas.
Estados como São Paulo e Paraná estão à frente na colheita, com 100% e 83% das áreas colhidas, respectivamente. No Paraná, a área destinada ao feijão da safra verão 24/25 cresceu 49,3%, saltando de 113,3 mil hectares (23/24) para 169,2 mil hectares, o que resultou em um aumento de 84,5% na produção, alcançando 427,6 mil toneladas, comparado a 272,5 mil toneladas no ano anterior, segundo dados da Conab.
Carlos Hugo Godinho, Engenheiro Agrônomo do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), destaca que esse aumento na área plantada tem pressionado os preços, uma vez que a produção está praticamente dobrando em relação ao ano passado. Os números do Deral apontam uma elevação de 57% na área plantada e 113% na produção, com uma produtividade média de 2.020 quilos por hectare, destacando-se a região dos Campos Gerais, que obteve 2.378 quilos por hectare.
Esse aumento na produção de feijão reflete o desempenho positivo do setor durante 2024, um ano histórico de preços e exportações, conforme observações de Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe). Segundo Lüders, a decisão de muitos produtores em optar pelo feijão se deve à combinação das boas perspectivas de exportação e a viabilidade econômica frente a outras culturas.
Entretanto, esse crescimento na oferta tem causado impacto direto nos preços. Lüders afirma que, no início da semana, o preço do feijão carioca variava entre R$ 220,00 e R$ 230,00 para os melhores lotes, enquanto feijão danificado era negociado por valores entre R$ 150,00 e R$ 190,00. Evandro Oliveira, Analista da SAFRAS & Mercado, alerta que a combinação de aumento de produção, queda no consumo e dificuldades logísticas está pressionando os preços, com as margens dos produtores ficando próximas ao custo de produção.
O crescimento da área plantada e a possível continuidade dessa tendência para a 2ª safra acendem um alerta no setor. Segundo Lüders, há um risco de superprodução, com projeções indicando uma área de plantio no Paraná próxima a 700 mil toneladas de feijão preto, o que pode resultar em um desequilíbrio entre oferta e demanda. A relação estoque/consumo do feijão aumentou de 13% em 2023 para 19% em 2024, e deve ultrapassar 20% em 2025, o que indica uma queda no mercado.
A Conab estima um aumento de 1,1% na área plantada para a 2ª safra em 2025, atingindo 840,8 mil hectares, com produção prevista de 116 mil toneladas, 11,2% superior à do ano anterior. No Paraná, a área projetada é de 365,8 mil hectares, uma redução de 16% em relação a 2024, mas ainda assim configurando a segunda maior produção do estado.
Lüders e o levantamento do Deral alertam que essa grande oferta pode levar alguns produtores a reconsiderarem o plantio para a 2ª safra, dada a pressão nos preços e o cenário econômico do setor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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