Publicado em: 12/11/2024 às 13:40hs
O cultivo de gergelim no Brasil tem mostrado um crescimento expressivo, com destaque para a safra de 2023/24, quando a área plantada aumentou em 83%, passando de 361 mil para 660 mil hectares. Esse crescimento reflete o crescente interesse dos produtores pelo grão, que se apresenta como uma opção viável devido aos baixos custos de produção e a boa rentabilidade quando comparado ao milho safrinha. No entanto, o mercado de gergelim ainda enfrenta desafios relacionados à produtividade, à mecanização da colheita e à concentração de compradores. O relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA analisa as oportunidades e os riscos que envolvem o desenvolvimento desta cultura no Brasil.
A expansão do cultivo de gergelim no Brasil é evidente. De 2023 a 2024, a área cultivada saltou em 83%, uma das maiores expansões agrícolas do país, atrás apenas da soja. O aumento da produção também foi notável, com crescimento de 107%, alcançando 361 mil toneladas. A cultura tem atraído produtores pela sua viabilidade econômica, especialmente em anos nos quais o milho safrinha sofre com perdas devido à janela de plantio prejudicada.
A maior parte da produção de gergelim no Brasil está concentrada na 2ª safra, após a soja, mas também há cultivos durante o ano inteiro ou exclusivamente na safra de verão. Estados como Mato Grosso, Pará e Tocantins são agora importantes centros de produção, além do Mato Grosso, que tradicionalmente dominava o cultivo.
Apesar do crescimento da área plantada, a produtividade média do gergelim no Brasil ainda é considerada baixa, com grandes perdas durante a colheita devido à deiscência das vagens, que fazem as sementes caírem antes da colheita. Além disso, a falta de mecanização específica e a escassez de tecnologias adequadas dificultam o aumento da produtividade. A pesquisa e o melhoramento genético das sementes, especialmente para as variedades indeiscentes, são fundamentais para aumentar a rentabilidade e atender a mercados mais exigentes.
A crescente demanda internacional tem impulsionado as exportações de gergelim brasileiro. Em 2023, o Brasil exportou 42% de sua produção, com a Índia se tornando o principal destino, absorvendo 38% das exportações. O aumento das exportações é resultado da expansão da área plantada e da crescente aceitação do gergelim brasileiro em mercados internacionais.
O mercado chinês, o maior importador global, representa uma grande oportunidade para o Brasil, que atualmente está negociando o acesso a esse mercado. A China foi responsável por 49% das importações globais em 2022 e tem mostrado um crescimento expressivo na demanda. Caso o Brasil consiga negociar a entrada no mercado chinês, isso pode ampliar significativamente as perspectivas de crescimento para o setor de gergelim.
O baixo custo de produção e a boa rentabilidade do gergelim são fatores que tornam essa cultura atraente, especialmente quando comparada ao milho 2ª safra. No entanto, à medida que a área cultivada aumenta, os preços pagos aos produtores têm caído, o que pode impactar a rentabilidade de alguns agricultores. A expansão da produção, sem o correspondente aumento da demanda, pode pressionar os preços para baixo. A falta de contratos de comercialização também deixa os produtores expostos à volatilidade do mercado.
Para a safra de 2024/25, a expectativa é de estabilidade na área plantada, com 659,9 mil hectares, mas uma queda na produtividade média, estimada em 510 kg/ha, o que representaria uma redução de quase 25 mil toneladas na produção. A evolução da produtividade dependerá de fatores climáticos, da demanda por milho 2ª safra e dos preços dos grãos, que podem influenciar as decisões de plantio.
O cultivo de gergelim no Brasil apresenta um grande potencial, especialmente com o aumento das exportações e a busca por alternativas rentáveis ao milho 2ª safra. No entanto, a baixa produtividade, a falta de mecanização e a concentração de compradores são desafios que precisam ser superados. O mercado chinês surge como uma oportunidade estratégica para o crescimento da cultura no país, mas o Brasil ainda precisa conquistar o acesso a esse mercado crucial.
Enquanto isso, o melhoramento genético das variedades e o avanço nas tecnologias de produção serão essenciais para aumentar a competitividade do gergelim brasileiro, especialmente frente aos mercados mais exigentes.
Fonte: Portal do Agronegócio
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