Feijão e Pulses

Embrapa Rondônia realiza dia de campo sobre feijão-caupi para ribeirinhos de Porto Velho

O feijão-caupi (Vigna unguiculata L. Walp.), também conhecido regionalmente como feijão-de-praia, foi o tema do dia de campo realizado na manhã de terça-feira (25) pela Embrapa Rondônia, em parceria com a Emater/RO, na comunidade Nova Esperança, localizada no distrito de Calama, a aproximadamente 200 quilômetros de Porto Velho (RO)


Publicado em: 27/09/2012 às 16:30hs

Embrapa Rondônia realiza dia de campo sobre feijão-caupi para ribeirinhos de Porto Velho

Além do alto valor nutritivo, o feijão-caupi é uma das principais fontes de renda da população ribeirinha, que aproveita o período de estiagem, em que o nível das águas do Rio Madeira baixa, formando uma grande extensão de terras com alta fertilidade, para cultivarem o grão. A utilização dessas áreas para a agricultura dispensa o uso de adubação, irrigação e aplicação de  defensivos, o que favorece o cultivo agroecológico do feijão-caupi, a um custo de produção consideravelmente baixo.

Durante o evento, o engenheiro agrônomo Samuel Fernandes apresentou quatro variedades de feijão-caupi da Embrapa, que foram cultivadas no local: BRS Novaera, BRS Xiquexique, BRS Patativa e BRS Guariba. Na área demonstrativa os ribeirinhos puderam ver de perto o desempenho e as características de cada uma delas, podendo compará-las ainda com uma amostra da variedade já cultivada por eles na região, nomeada pelos ribeirinhos de “Manteiguinha”.

“Depois de 75 dias do plantio já podemos perceber as características de cada variedade. Quando comparadas à variedade tradicionalmente cultivada pelos ribeirinhos, pode ser observado nas variedades desenvolvidas pela Embrapa características que podem proporcionar grandes melhorias para a população. A maturação mais uniforme de alguns materiais possibilita a colheita em uma única etapa; o menor ciclo de alguns materiais faz com que a população possa vender seu produto antes do período de maior oferta no mercado, garantindo assim um melhor preço; e outra característica importante é o maior teor de nutrientes presentes na cultivar BRS Xiquexique, que contribui para a melhoria da dieta alimentar”, explica Samuel Fernandes.

“O feijão-caupi é uma das principais fontes de renda para minha família. Agora vou seguir as dicas que aprendi hoje e também plantar as variedades que vi aqui, principalmente a Xiquexique, estou maravilhado”, comenta o produtor Naseazeno Nunes de Castro. A BRS Xiquexique, rica em proteína, ferro e zinco também chamou a atenção de Oscarina Vieira. “Ela é muito nutritiva, tenho que levar para a mesa da minha casa”, conta.

O armazenamento correto de sementes foi outro assunto abordado e motivo de muita curiosidade por parte dos ribeirinhos. “Para melhorar a qualidade e aumentar a produção do feijão-caupi é preciso utilizar técnicas alternativas de armazenamento e conservação de sementes e também dos grãos. Desta forma será possível garantir sementes de qualidade para a próxima safra e comercializar os grãos armazenados no momento de melhor preço no mercado”, explica Frederico Botelho, engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia.

Finalizando o dia de campo, os técnicos da Emater/RO Cledmar Carneiro e Marivaldo Cavalcante de Lima apresentaram informações sobre o mercado local e as fontes de financiamento para os ribeirinhos. “É preciso que o produtor esteja atento ao que o mercado consumidor está exigindo, à qualidade do produto e também deve saber calcular a produtividade e o lucro que está obtendo”, alerta Cledmar Carneiro.

Desde os 10 anos de idade a ribeirinha Ilieth dos Santos (47) cultiva feijão nas praias do Rio Madeira e diz ter mais perspectivas com as dicas e tecnologias apresentadas. “Hoje eu pude ver coisas que nunca saberia se esse evento não tivesse vindo até a gente. Conheci outras variedades de feijão, um novo espaçamento foi mostrado e também aprendi algumas dicas de como vender nosso feijão. Com certeza para a próxima safra vou aplicar muita coisa nova”, diz Ilieth.

O Feijão-caupi

De origem africana e introduzida no Brasil na metade do século XVI, pelo estado da Bahia, a cultura vem gerando mais de um milhão de empregos com rendas compatíveis às regiões. Nos últimos cinco anos quase dois mil empregos foram gerados, segundo o IBGE. Os negócios com o feijão-caupi alcançam, todo ano, quase R$ 700 milhões.

O feijão-caupi é um dos principais componentes da dieta alimentar nas regiões Nordeste e Norte do Brasil, especialmente na zona rural. Isso se deve ao seu elevado valor nutritivo, pois é rico em proteínas, ferro, zinco, fibras dietéticas, baixa quantidade de gordura e não contém colesterol.

Fonte: Embrapa Rondônia

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