Feijão e Pulses

Com quebra na Bahia, saca de feijão ultrapassa R$ 200 em SP

A seca devastou a cultura do feijão na região baiana do Irecê, que é o principal polo produtor do estado.


Publicado em: 18/05/2012 às 14:00hs

Com quebra na Bahia, saca de feijão ultrapassa R$ 200 em SP

As perdas se alastraram por algo entre 90% e a totalidade da área plantada e provocaram alta dos preços em todo o País. A saca chegou a ser negociada a R$ 400 no Município de Campo Alegre, na divisa da Bahia com o Piauí, segundo o secretário da Agricultura da Bahia, Eduardo Salles.

Em São Paulo, a variação de oferta foi sentida com cotações acima de R$ 200. Na zona cerealista, o preço do feijão carioca subiu 106%, em relação a maio de 2011: de R$ 94, em média, naquela época, para os atuais R$ 195. Ontem, o padrão mais caro do grão era cotado a R$ 210 no mercado paulista, de acordo com o analista de mercado Leonardo Arnizaut, da consultoria Ibéria. "A tendência é de os preços continuarem firmes", disse ele.

O clima está impedindo a semeadura da segunda safra do feijão nos Estados de Pernambuco, Maranhão, Piauí e Paraíba, notificou a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb). O nordeste é a segunda região produtora do grão no Brasil, em paridade com o sudeste. O sul lidera em volume de produção, mas deve produzir menos do que São Paulo e Minas Gerais durante este ano.

Números oficiais, publicados neste mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mostram que o resultado das três safras de feijão nos estados nordestinos deve ser de 539,1 mil toneladas na safra atual. Ou 43% a menos do que na anterior, quando foram colhidas 961,1 mil toneladas. "Como a Conab considera todo o estado, a previsão de quebra é menor", observou uma assessora econômica da Faeb, explicando que as maiores perdas se concentram na região do Irecê.

"O feijão do Irecê está comprometido", afirmou Salles. "Como essa cultura é feita por pequenos produtores, o prejuízo é maior do que o de outras", disse o secretário, que visitou o Município de Campo Alegre e viu a saca de 60 quilos ser vendida a R$ 400.

Daqui em diante

A quebra de safras no nordeste faz com que os estados daquela região busquem o feijão produzido no centro-sul, de acordo com o consultor Arnizaut. Ainda estão por vir as colheitas do feijão pivô, entre junho e julho, do grão paulista, entre outubro e novembro, e do sul, de novembro a dezembro.

"Isso pode ajudar a equilibrar o mercado", afirmou o especialista, "mas a oferta não é excedente", ponderou, opinando que os preços não devem baixar.

Seca

A cultura do feijão está entre uma série de perdas provocadas pela estiagem que desde o final do ano passado prejudica a agricultura baiana. A produção de leite é outro caso, com queda próxima de um terço, isto é, 1,5 milhão de litros deixam de ser produzidos por dia. No caso do milho, sem considerar o que já foi colhido na região oeste do estado, a perda é total no litoral norte, que representa 80% da safra da Bahia, segundo a Faeb.

Para conter os danos da seca, ações públicas de apoio ao agricultor estão sendo executadas no estado. O Banco do Nordeste está oferecendo crédito emergencial de até R$ 12 mil - com juro de 1% mensal, três anos de carência e dez para quitar a dívida, com abono de 40% do valor do empréstimo - para pequenos produtores. As dívidas para custeio e investimento nas lavouras podem ser prorrogadas.

"Todo dia tem uma ação nova", garantiu Salles. "Ontem, contratamos uma empresa para fazer indução artificial da chuva, com condução de nuvens, no sertão". O projeto piloto custou R$ 200 mil, pagos pelas secretarias de Agricultura e Meio Ambiente.

"A Conab está comprando ovinos e caprinos a R$ 9,50 o quilo, para abatê-los em frigoríficos inspecionados e doá-los a comunidades carentes", relatou o secretário. Nesse tipo de compra, há limite de R$ 4.500 por produtor e de R$ 100 mil para cooperativas e associações de agricultores.

Em se tratando de milho, a Conab está promovendo, na Bahia, venda-balcão do grão, com base no preço mínimo (cerca de R$ 18 por saca). Isso porque "o milho, neste momento, tem cotação mínima de R$ 40", diz Salles.

Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

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