Publicado em: 21/03/2013 às 19:00hs
A umidade, que impede o produto de ser ensacado, fez o volume de feijão disponível na Bolsinha, onde se comercializa a produção do centro-sul, cair de 20 mil sacas (60 quilos), no início do mês, para 16 mil na última segunda-feira (principal dia de venda).
"As chuvas nas regiões produtoras prejudicaram a entrada do produto, pressionando o preço para cima", diz o diretor da Bolsa de Cereais de São Paulo, Rui Russomano. O quilo do feijão está valendo mais de R$ 6 no estado.
Na média nacional, o tipo carioca está cotado a R$ 187,10 por saca, uma alta de cerca de 20% em relação a março de 2012, de acordo com o Centro de Inteligência do Feijão (CIFeijão).
"Houve uma valorização desde janeiro [período em que a saca valia R$ 163,91]", observa o coordenador-geral do CIFeijão, João Ricardo Albanez. No mês seguinte, fevereiro, esse preço já passava de R$ 183,75.
"No ano passado, o máximo foi R$ 179,17", afirma Albanez. Na próxima semana, contudo, o especialista prevê que o atual preço - que ultrapassa R$ 220 em algumas regiões - se estabilizará num patamar mais baixo, conforme o escoamento da safra.
Russomano lembra que, depois da colheita, o feijão deve ser vendido em até 15 dias pelo produtor, pois o grão seca e escurece, e sua qualidade decai com o passar do tempo. "A tendência é de que o mercado se estabilizará a partir da semana que vem, com leve retração de preço", ele prevê.
A safra de feijão-carioca foi cerca de 12% maior em 2012/2013 - 3,3 milhões de toneladas, aproximadamente -, ainda que tenha havido redução de área no período, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Estiagem e mosca-branca
Para os produtores da maior cidade cultivadora de feijão de Minas Gerais (o segundo estado em produção de feijão), Unaí, uma estiagem prolongada no período de maturação do grão, de dezembro a janeiro, prejudicou mais a safra do que as chuvas no fim do verão.
E "a chuva não prejudicou mais a produção do que o sol num veranico em março, que favoreceu a proliferação da mosca-branca", acrescenta o engenheiro agrônomo Reinaldo da Silva Martins, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG).
Já o empresário rural Carlos Oberto Costa, que tem propriedades em Unaí e em Brasília, afirma que a mosca-branca - praga responsável pela doença do mosaico-dourado - está inviabilizando a produção do feijão não só em Minas Gerais, mas também no Distrito Federal e no norte de Goiás. A quebra em sua propriedade na capital do Brasil chega a nível de 80%.
"Só vou plantar de novo em setembro, pulando a segunda safra [em que a cultura costuma ser irrigada]", diz Costa. "Se não houver um período oficial de vazio sanitário, a produção será inviabilizada", alerta o produtor.
Em Unaí, onde se espera o cultivo de 25 mil hectares de feijão irrigado para a segunda safra, essa temporada deve ser adiada para abril, em vez de já ter começado em fevereiro ou março, de acordo com a Emater-MG.
O município plantou, desde o final do ano passado, 18 mil hectares de "feijão das águas" - a primeira safra. A quebra na região, e também no Distrito Federal e em Goiás, pode chegar a 75%, segundo Costa.
"A produção vai diminuir muito neste ano. Já existem propriedades com cem por cento de perdas. O feijão vai chegar caro aos supermercados em 2013", afirma o produtor.
Quanto à safra atual, Costa observa que "no Distrito Federal, começou a chover agora, afetando a qualidade e atrasando a colheita da safra". A região começou a cultivar feijão na safra de 1980/1981, e planta, atualmente, cerca de 50 mil hectares, segundo a Conab.
Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria
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