Publicado em: 07/03/2012 às 17:40hs
A atividade sucroalcooleira apresenta um crescimento significativo em todo o território paulista, às vezes, tomando espaço da agropecuária, de grande importância econômica para a região e com grande expressão na absorção de mão-de-obra.
Como a cultura da cana- de-açúcar, anualmente, passa por reforma, esse período ocioso antes do replantio pode ser utilizado para o cultivo da soja direto na palhada da cana. Essa ideia surgiu em uma reunião entre pesquisadores da APTA, extensionistas da CATI, representantes de Conselhos Regionais de Desenvolvimento Rural e de agricultores, ocorrida em Votuporanga e que teve como finalidade alinhavar ações a serem desenvolvidas na busca de alternativas para diminuir os custos de produção e aumentar a renda dos produtores rurais.
Segundo Cláudio Baptistella, diretor da CATI Regional de Araçatuba, a região envolve dezoito municípios e os agricultores têm bom nível tecnológico e domínio na produção de grãos. Mas, há baixa oferta de terras para isso. “São 270 mil hectares de cana-de-açúcar, por isso optamos em divulgar o plantio soja em áreas de renovação da cana, que além de proporcionar uma renda extra, contribui para a diversificação do plantio e permite que ambos os cultivos sejam feitos de forma sustentável, já que rompendo a monocultura melhoramos as propriedades do solo”.
O objetivo do evento foi apresentar os resultados preliminares da implantação da cultura da soja em áreas de renovação, no sistema de plantio direto, sob os resíduos da colheita mecanizada. Jorge Hipólito, responsável pela implantação do Projeto por parte da CATI na região, destacou que cerca de 20% da área de cana estejam em processo de reforma anualmente, o que equivale que mais de 50 mil hectares. “A implantação da soja nesse período acarreta uma gama de benefícios: melhoria da qualidade do solo e geração de empregos e divisas”.
Ele explica ainda que só nas cinco regiões vizinhas (Araçatuba, Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Bauru e Marilia) a área de cultivo de cana-de-açúcar ultrapassa a três milhões de hectares. A estimativa é de que 600 mil hectares sejam submetidos à reforma anualmente. “Se inserirmos a cultura da soja em apenas 50% dessa área, teremos uma produção equivalente a um milhão de toneladas de grãos, gerando divisas na ordem de R$ 750 milhões, colocando o Estado de São Paulo em destaque na cadeia produtiva dessa oleaginosa”.
Só na região de Araçatuba , após o processamento da cana crua, acumula-se 15 toneladas de matéria seca por hectare que, se mantidas no solo e com o plantio da soja na palhada, vai evitar gastos com preparo de solo, proporcionar ganhos ambientais e contribuir na preservação da fertilidade do solo. Segundo relatos de produtores rurais que adotaram o sistema de plantio direto na palha, tanto na cultura em sucessão como no plantio em sequencia da cana-de-açúcar pode-se amortizar em torno de 40 a 60% dos custos de implantação de um novo canavial. Só nas operações de preparo do solo a economia é, em média, de R$ 210,00 por hectare.
O tradicional produtor de soja, Massao Yamashita participa do Projeto há dois anos. Para ele essa rotação de culturas está trazendo resultados animadores. Ele explica que sempre foi produtor de grãos e que agora também optou a cultivar a cana. “A soja se dá muito bem com rotação e no período entre um corte e outro da cana, ela é uma forma de engordar a lavoura e amenizar o custo, ou seja, a soja paga o arrendamento da cana até o outro plantio de renovação”, finaliza.
O Projeto começou em 2011 e é uma realização conjunta da APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, através dos polos de Andradina e Votuporanga e da CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, através das Regionais de Araçatuba e Votuporanga e dos Núcleos de Produção de Sementes de Araçatuba e Fernandópolis.
Para Vander Luiz Barbosa Borges, do Polo de Votuporanga, nosso objetivo foi atender a demanda dos produtores da região com relação ao sistema de plantio direto. Esse projeto destina-se a estimular a adoção dessa tecnologia no noroeste paulista. As unidades de demonstração estão instaladas em Araçatuba e Orindiuva, que além do sistema de plantio direto testam cinco variedades diferentes de soja.
Já para Gustavo Pavan Martins, do Polo de Andradina, “esse projeto cumpre o papel da pesquisa de gerar e adaptar tecnologias sustentáveis no planejamento e reforma dos canaviais. Além disso, vai melhorar a qualidade do solo, proporcionando estabilidade e longevidade para ambas as culturas e proporcionar mais uma alternativa de renda para o produtor”.
No próximo 13 de março acontece outro Dia de Campo nos mesmos moldes no município de Orindiúva.
Fonte: CATI - Assessoria de Imprensa
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