Publicado em: 03/01/2012 às 14:15hs
Os produtores não esperavam uma grande safra em 2011, mas o resultado conseguiu frustrar ainda mais as expectativas especialmente no centro-sul do país, principal região produtora da cultura.
“Uma seca muito intensa ano passado prejudicou a cana que está sendo colhida agora. Também tivemos geadas e o florescimento atípico do canavial que diminuiu ainda a produtividade por hectare. O fator estrutural é o envelhecimento da cana. Nós temos um canavial muito velho em função da falta de renovação nos últimos anos, o que afetou diretamente a produção”, explica Sérgio Prado, representante da Unica.
Segundo a CONAB, o Brasil deve colher nesta safra 571 milhões de toneladas de cana. São quase 8% menos em relação à safra passada. Pela primeira vez, o país sofrerá uma retração na produção desde quando começou o negócio do carro flex, em 2003, o que impulsionando o setor.
Para o agricultor Sylvio Ribeiro do Valle, presidente da Assocana, Associação dos Fornecedores de Cana da Média Sorocabana, em São Paulo, o que evitou a quebra dos produtores foi o preço pago pela tonelada do produto, que subiu cerca de 30% nesta safra. “A gente está conseguindo uma média de R$ 67 por tonelada, o que salvou a pátria”, diz.
Em 2011, os produtores retomaram o ritmo de renovação do canavial considerado ideal, algo em torno entre 15 e 20%. Mas os efeitos não são percebidos imediatamente. Uma cana nova leva em torno de 18 meses para ser colhida, o que significa dizer que a falta de renovação que começou em 2008 ainda deve causar algum estrago na próxima safra.
Como parte das iniciativas para tentar aumentar a produção de etanol e segurar o preço do produto na bomba, o Brasil voltou a investir no sorgo sacarino, um tipo que tem um caldo açucarado que também serve para fazer etanol e que pode ser plantado nas áreas de reforma do canavial, no período da entressafra, além de ser colhido e processado pelos mesmos equipamentos usados na cana nos meses em que as usinas estariam paradas. A Embrapa e algumas grandes multinacionais fizeram testes promissores em 2011. Uma dessas empresas, em parceria com grandes usinas, chegou a colher e processar quatro mil hectares do produto e agora vai ampliar a produção.
Pelo menos 20 usinas decidiram apostar na nova cultura nesta safra. A área com sorgo sacarino deve ocupar 20 mil hectares e o plantio já começou. “O sorgo não vai substiutir a cana, mas dará uma complementaridade à cana, reduzindo o processo final de custo de produção do etanol”, diz Pedro Mizutani, vice-presidente de indústria.
No final de dezembro, foi registrada queda na tarifa de importação que os Estados Unidos cobravam do álcool brasileiro. Mas, os produtores prevêem que nos próximos dois ou três anos o Brasil não terá condições de exportar etanol para o mercado norte-americano.
Fonte: Globo Rural
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