Cana de Açucar

Próxima safra da cana traz dúvidas ao setor

A recente recuperação dos canaviais, com moderado aumento de safra e de produtividade esperado para a temporada 2013/2014, tende a amenizar a situação, mas ainda não será suficiente para compensar a conjuntura de aperto da indústria, uma vez que os custos com mão de obra, terra e insumos agrícolas devem seguir firmes


Publicado em: 31/01/2013 às 12:50hs

Próxima safra da cana traz dúvidas ao setor

??A consultoria Datagro calcula um custo de produção na atual temporada, praticamente concluída, perto de 21 centavos de dólar por libra-peso. Já o contrato referência do açúcar na ICE Futures, de Nova York, base para o mercado internacional, opera pouco acima de 18 centavos de dólar por libra. ??Um preço de açúcar abaixo do custo de produção e um consumo de etanol pouco satisfatório acabaram minando a indústria, segundo o diretor da Datagro Guilherme Nastari, acrescentando que algumas chegam a operar com prejuízo. "Então, [a indústria] está sem receita nos dois mundos. É por isso que tem o estresse... porque o setor tem um custo operacional maior do que o que ele está ganhando", disse Nastari.

A situação atual do açúcar difere da vivida em outros ciclos, como em 2007/08, quando o setor ainda conseguiu compensar as dificuldades com um bom mercado do etanol, disse Nastari. ??O diretor da Datagro pondera que, apesar da expectativa da manutenção de alta de alguns insumos agrícolas e da mão de obra, com a recuperação do rendimento agrícola, a tendência é de que os custos venham a se estabilizar nos próximos cinco anos em torno de 16-17 centavos, segundo cálculos da Datagro.

Para a nova temporada, 2013/2014, a Datagro estima que se o câmbio favorecer, o custo pode recuar para 18,5-19 centavos por libra-peso. ??Historicamente, o rendimento agrícola da cana no País é de 85 toneladas por hectare, mas na safra 2011/2012 foi de 67 toneladas por hectare. Agora, em 2012/ 2013, a produtividade média subiu para 74 toneladas por hectare. A moagem da safra de cana 2012/2013 da cana superou as 518 milhões de toneladas, previstas pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). ?

Já a Raízen, joint venture entre a Cosan e a Royal Dutch Shell, estima crescimento da produção de cana-de-açúcar no centro-sul do Brasil em 2013/2014 para 585 milhões de toneladas, ante 532,5 milhões em 2012/2013, afirmou o diretor comercial Ivan Melo Filho. ??Mello Filho disse por e-mail que a alta na produção se deve a aumento da área a ser colhida e da produtividade. Melo Filho afirmou ainda esperar que a produção de açúcar atinja 36,3 milhões de toneladas em 2013/2014, ante 34,1 milhões em 2012/2013. Recentemente, o controlador do grupo Cosan, Rubens Ometto, estimou que a safra 2013/2014 de cana-de-açúcar, com início em abril, será "melhor" que a anterior.

O executivo disse que a moagem da cana no setor pode alcançar 600 milhões de toneladas no próximo ciclo. ??Etanol ??No lado do combustível, a indústria lida com dois impasses: primeiro, o preço da gasolina que limita eventual alta do etanol; e segundo, a expectativa de elevação na mistura ao combustível fóssil. "Tudo na verdade está amarrado à definição do preço da gasolina. Espaço para o aumento de preço do etanol só vai existir caso haja aumento da gasolina", afirmou Miriam Bacchi, pesquisadora do Cepea/Esalq. ?

Logística

A Cosan, uma das maiores empresas de açúcar e etanol do mundo, quer concluir até abril de 2014 a obra do teto de proteção para navios no porto de Santos, disse um executivo da empresa, projetando aumento da capacidade de embarque em 40%.

Júlio Fontana, presidente da Rumo Logística, braço de logística da Cosan, disse em e-mail, que "o novo teto permitirá à Rumo operar em dias de chuva, que chegam a 100 por ano em média em Santos".

Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

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