Publicado em: 02/07/2012 às 17:30hs
Nos últimos 10 anos (de 2002 a 2011) a produção de cana-de-açúcar em Mato Grosso avançou 8%, passando de 12,64 milhões de toneladas para 13,66 milhões (t). O número poderia até ser comemorado se os vizinhos, Mato Grosso do Sul e Goiás, não tivessem crescido tanto no mesmo período, com expansão de 290% e 295%, respectivamente. Dados foram apurados pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e sustentam a preocupação do setor com o desenvolvimento da gramínea, cultivada há 30 anos no Estado.
No estudo feito pela entidade, a produção de cana-de-açúcar no Mato Grosso do Sul passou de 8,58 milhões (t) para 33,48 milhões (t). Em Goiás, a evolução foi de 11,67 milhões (t) para 46,2 milhões (t). Com o crescimento destes estados, Mato Grosso, que em 2002 ocupava a 6ª posição no ranking nacional entre os maiores produtores, caiu para 8ª colocação em 2011. No caso dos vizinhos houve ganho de posição na mesma base de comparação, sendo que Mato Grosso do Sul subiu de 8º para 5º colocado e Goiás de 7º para 3º maior produtor brasileiro. A liderança é de São Paulo, que somou produção de 361,72 milhões (t) no ano passado, seguido por Minas Gerais, com 56,01 milhões (t) produzidas.
Na avaliação do analista de Assuntos Fundiários da Famato, Alexandre Dutra Neves, a estagnação da produção mato-grossense está relacionada diretamente ao zoneamento agroecológico da Cana-de-açúcar (ZAE Cana), regulamentado pelo Decreto 6.961/2009, que determina ao Conselho Monetário Nacional (CMN) o estabelecimento de critérios e vedações para a concessão de crédito rural e agroindustrial à produção e industrialização de cana-de-açúcar, açúcar e biocombustíveis.
Objetivo geral do ZAE Cana é o de fornecer subsídios técnicos para formulação de políticas públicas visando ao ordenamento da expansão e a produção sustentável de cana no território brasileiro. “Acontece que o zoneamento não permite a expansão da atividade sucroalcooleira em Mato Grosso, pois o cultivo da cana passa a ser proibido nas áreas onde já é desenvolvido e o produtor não consegue crédito para essas regiões”, diz ao revelar que existem no Estado, cerca de 800 mil hectares de pastagens sem utilização e que poderiam ser ocupados por canaviais.
Jorge dos Santos, superintendente do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool/MT), afirma que a bancada ruralista do Estado na Câmara Federal está empenhada em reverter o zoneamento para que a atividade possa se desenvolver no Estado. “O zoneamento foi elaborado sem critério científico e prejudicou a cultura em Mato Grosso. Desde novembro do ano passado estamos tentando junto ao governo reverter a situação”.
Fonte: Gazeta Digital
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