Em Mato Grosso essa realidade de expansão é outra. Nos últimos 10 anos a produção de açúcar no Estado ficou praticamente estagnada. Enquanto a produção nacional cresceu 57% passando de 336 milhões (t) para 622 milhões de toneladas, a produção matogrossense cresceu apenas 8%, variando de 12,6 milhões (t) para 13,6 milhões (t). O Estado, que já foi o 5º maior produtor de cana-de-açúcar, ocupa hoje a 8ª posição, segundo estimativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). De acordo com o setor, vários são os motivos que levaram o Estado a esse cenário, porém a logística tem sido o maior desafio.

Estudos apontam que Mato Grosso tem potencial para se tornar um dos maiores produtores industriais de biocombustível para os próximos anos, todavia ausência de infraestrutura e a falta de política nacional para produção do combustível tem garantido ao Estado um cenário muito abaixo de sua capacidade.

CENÁRIO

Conforme o Mapa, o Centro-Oeste tem cerca de 30,284 milhões de hectares (ha) aptos para a plantação de cana, mas apenas 4,6% (1,3 milhão) de ha estão plantados. Já Mato Grosso conta com cerca de 6,8 milhões de ha com possibilidade de plantio, no entanto nesta safra o Estado plantou apenas 220 mil ha, que significa apenas 16% na participação do total de área plantada no Centro-Oeste.

Este cenário será um dos temas que vão ser abordados no 1º Congresso do Setor Sucroenergético do Brasil Central – Canacentro 2012, que ocorrerá nos dias 15 e 16 de agosto, em Goiás. Ontem, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), que é parceira do evento, recebeu a visita dos representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) – entidade organizadora do evento.

Segundo o vice-presidente institucional da Faeg, Bartolomeu Braz, o objetivo do Canacentro é unir produtores, indústria e todos os agentes envolvidos no setor sucroenergético para discutir os principais desafios, oportunidades e dificuldades enfrentadas pelo segmento. “Os Estados da região Centro-Oeste têm o mesmo clima, as mesmas dificuldades logísticas e grande potencial de produção. Podemos ser grande fonte de produção de energia”, informou Braz.

Segundo o vice-presidente da Famato, Normando Corral, o Canacentro é uma oportunidade para Mato Grosso mostrar a realidade da produção de cana-de-açúcar estadual. “Nós vivemos um cenário preocupante quanto à cana no Estado. Esta é uma oportunidade de juntos discutirmos soluções para a região Centro-Oeste e Mato Grosso que tem sua produção estagnada há 10 anos”, pontua. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool), Piero Vicenzo Parini, o setor que no Estado emprega cerca de 15 mil pessoas é bem organizado e tem capacidade para crescer, desde que o governo estabeleça políticas públicas para o etanol.