Publicado em: 26/08/2024 às 14:40hs
A recente onda de incêndios em canaviais no Estado de São Paulo ameaça provocar um prejuízo financeiro significativo, estimado em até R$ 350 milhões para os produtores de cana-de-açúcar. As queimadas, que se intensificaram entre os dias 23 e 24 de agosto, afetaram cerca de 59 mil hectares de áreas plantadas, segundo informações de José Guilherme Nogueira, CEO da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), em entrevista ao Estadão/Broadcast.
De acordo com os cálculos da Orplana, a produtividade das áreas atingidas deve cair drasticamente, de mais de 100 toneladas por hectare para aproximadamente 40 toneladas. Nogueira ressaltou que a quebra na produtividade já era significativa antes dos incêndios, com uma redução estimada em 30% para a safra 2024/25, que agora pode chegar a 60% devido aos danos causados pelo fogo.
Além da redução na produtividade, o impacto das queimadas é agravado pela rápida deterioração da cana após o incêndio. "A cana que pega fogo começa a se deteriorar após quatro, cinco, sete dias", explicou Nogueira, destacando que esse processo compromete ainda mais a colheita e a qualidade do produto, aumentando os prejuízos financeiros dos produtores.
O sábado (24) registrou 305 novos focos de incêndio, enquanto na sexta-feira (23) foram contabilizados cerca de 3.600 focos, uma quantidade "10 vezes maior" em comparação ao mesmo período do ano anterior. A baixa umidade do ar e as altas temperaturas foram fatores determinantes para a propagação dos incêndios, com as principais ocorrências registradas nas regiões de Olímpia, São José do Rio Preto, Sertãozinho e Cajuru.
Segundo o monitoramento da Orplana, as condições nas regiões afetadas pelos incêndios têm melhorado desde o último sábado, devido à ocorrência de chuvas em cidades como Piracicaba, Monte Aprazível, Ribeirão Preto e Cajuru. A entidade também está colaborando com o governo estadual em um gabinete de crise, mobilizando caminhões-pipa e outros recursos para controlar os incêndios.
José Guilherme Nogueira enfatizou a necessidade urgente de um plano de ação estruturado para enfrentar as queimadas. "Precisamos de linhas de financiamento mais acessíveis para a compra de caminhões-pipa e um aumento no efetivo de bombeiros", afirmou. Ele sugeriu que o Brasil poderia se inspirar em modelos internacionais, como os de Portugal e Califórnia, para lidar com a crescente frequência e intensidade dos incêndios.
Para o CEO da Orplana, a crise atual é o resultado de uma combinação de fatores climáticos e ações humanas. "A onda de calor, exacerbada pelas mudanças climáticas e pelo aumento da temperatura global, tem tornado as secas mais intensas e severas", afirmou. Nogueira destacou que "eventos que antes eram raros agora se tornaram frequentes e críticos", com a umidade relativa do ar extremamente baixa e temperaturas altíssimas.
Ele também alertou para a influência de práticas humanas imprudentes na propagação dos incêndios. "Atividades como jogar bitucas de cigarro na beira da estrada ou atear fogo próximo a áreas secas são frequentemente responsáveis pelos focos de incêndio", explicou. Nogueira concluiu enfatizando que "a grande maioria dos incêndios é causada por atividades humanas", reforçando a importância de campanhas de conscientização e medidas de prevenção mais rigorosas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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