Publicado em: 24/04/2025 às 11:40hs
Viabilidade econômica em xeque
Um estudo inédito, encomendado pela Associação dos Defensores do Agro (ADEAGRO), analisa a viabilidade econômica da produção de cana-de-açúcar na região de Quirinópolis, em Goiás. O levantamento destaca que a defasagem nos preços pagos aos produtores tem comprometido a sustentabilidade da atividade e pode provocar mudanças significativas no perfil agrícola da região nos próximos anos.
O principal objetivo do relatório é avaliar a rentabilidade histórica dos fornecedores de cana-de-açúcar de Quirinópolis, considerando diferentes cenários de produtividade, valores pagos pelo ATR (Açúcar Total Recuperável) e culturas alternativas, como soja e milho. A pesquisa utilizou dados públicos e informações fornecidas pela própria associação.
Além disso, foram analisadas as perspectivas de rentabilidade tanto para produtores quanto para contratantes no estado de Goiás, com um panorama detalhado da produção local e o cenário atual de culturas alternativas.
Segundo a presidente da ADEAGRO, Elizabeth Alves, “este estudo foi uma das primeiras ações da associação para ampliar o acesso à informação dos produtores de Quirinópolis, oferecendo dados essenciais para decisões estratégicas nas próximas safras”.
Na primeira parte divulgada do estudo, o foco está no macrocenário da cultura canavieira no Brasil. Os dados indicam que, nos últimos dez anos, a área plantada no país permaneceu relativamente estável, atingindo seu pico na safra 2016/2017 com mais de 9 milhões de hectares cultivados.
Goiás aparece como o segundo maior produtor nacional de cana-de-açúcar, atrás apenas de São Paulo. Entre 2014 e 2024, a produção goiana registrou crescimento de 11,7%, totalizando 956 mil hectares cultivados na última safra. Apenas entre 2022/2023 e 2023/2024, o volume de cana processado no estado cresceu 8,74%. A produção de açúcar também avançou 23% em 2022/2023, alcançando 2,7 milhões de toneladas.
Especificamente em Quirinópolis, a área plantada aumentou cerca de 25% ao longo da última década, passando para 259 mil hectares em 2023/2024. A cana-de-açúcar domina esse cenário, ocupando 180 mil hectares – aproximadamente 70% do total –, o que coloca o município como o segundo maior produtor do estado.
A produção regional de cana também avançou 24% no período, saltando de 11,4 milhões de toneladas em 2013/2014 para 14,1 milhões em 2023/2024. Além da expansão da área cultivada, o aumento na produtividade também se destacou: a produtividade média local atingiu 85 toneladas por hectare na safra 2023/2024, representando um crescimento de 15% em relação à safra 2021/2022. Esse índice coloca a produtividade de Quirinópolis no mesmo patamar da média nacional.
Apesar do desempenho positivo em termos de produtividade, o estudo aponta que a defasagem no valor pago aos produtores tem levado à migração para outras culturas, especialmente a soja. Nos últimos dez anos, essa oleaginosa ganhou 9% de participação na área plantada da região, demonstrando uma mudança de perfil agrícola impulsionada por questões econômicas.
“A primeira parte do estudo posiciona Quirinópolis como uma das regiões mais relevantes para a cultura canavieira no país. No entanto, a acentuada defasagem nos preços pagos aos produtores, especialmente na última safra, tem levado muitos a buscar alternativas mais rentáveis. É fundamental compreender o cenário atual para reivindicar ações concretas junto aos órgãos competentes e garantir a continuidade da atividade agrícola”, conclui Elizabeth Alves.
Fonte: Portal do Agronegócio
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