Cana de Açucar

Critérios para estabelecimento de estratégias de cultivo de cana desenvolvidos pelo IAC podem aumentar a produtividade em até 40%

Pesquisadores do Instituto analisam período de colheita e condições de desenvolvimento para traçar a melhor tática de cultivo de variedades mais responsivas para cada localidade


Publicado em: 21/09/2012 às 17:40hs

Critérios para estabelecimento de estratégias de cultivo de cana desenvolvidos pelo IAC podem aumentar a produtividade em até 40%

A escolha da melhor técnica de manejo e a cultura adequada para cada região envolve estratégia como em uma partida de xadrez ou como em uma escalação de time de futebol. Para expandir o cultivo de cana-de-açúcar, principalmente para as áreas com maior déficit hídrico, característico na região do cerrado brasileiro, o Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, desenvolve métodos de escalação das variedades de cana-de-açúcar, de acordo com o perfil do cenário, para que se possa produzir, em termos relativos, de maneira mais eficiente. O procedimento pode possibilitar aumento de 15% a 40% da produção.

A pesquisa do IAC cria uma matriz, com uma escala hierárquica entre os ambientes possíveis. A matriz do Instituto é formada por nove caselas divididas pelos três períodos de colheita (outono, inverno e primavera) e pelas condições de desenvolvimento, dado pelo potencial do solo somado ao manejo a ele conferido, originando assim os ambientes: favorável, médio e desfavorável. “O estudo permite a avaliação das alternativas da produção de cana-de-açúcar em vários cenários pelo IAC. Após a construção da matriz, são analisadas as condições de cultivo dentro dos ambientes de desenvolvimento, com estudos de todas as características do local onde será produzida a cana. Esse método é determinante na Região Centro-Sul, pois considera o déficit hídrico da região”, afirma o pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Marcos Guimarães de Andrade Landell.

Desta forma, os três períodos de colheita em conjunto com os três grupos de ambientes geram nove possíveis combinações com potencial produtivos distintos, expostas na forma de uma matriz. As caselas 1, 2, 3, 4 e 5 da matriz são as que proporcionam melhor desempenho produtivo quando considerado unicamente a produtividade agrícola. Os pesquisadores observaram que são nessas caselas que devem ser alocadas as variedades com perfil mais responsivo justamente para explorar melhor o potencial deste ambiente. O pesquisador do IAC afirma que qualquer propriedade possui grande diversidade de ambientes para a produção. Porém, com análise completa das características do local, o produtor poderá plantar variedades adequadas para cada área e, assim, otimizar a produção em cada combinação. “Na maioria das vezes, ocorre a mescla de ambientes favoráveis e desfavoráveis que os proprietários devem otimizar da melhor forma”, explica Landell.

O pesquisador explica que para as caselas 6, 7, 8 e 9 da matriz, utiliza-se variedades com perfil rústico que possibilitem menores perdas em um ambiente mais hostil para a produção. “Assim, procura-se definir as variedades conforme a aptidão de sua maturação, mas considerando também seu o perfil de resposta, ou seja, se são responsivas, rústicas e estáveis. A combinação do perfil responsivo da variedade com o potencial da casela ambiental é que definirá a escalação das variedades neste contexto de diversidade”, explica Landell.

O IAC realizou 264 experimentos durante 15 anos e concluiu que existe uma ordem hierárquica da produção de cana-de-açúcar nas matrizes.

A técnica vem sendo aplicada principalmente por empresas que têm produção em todo o período de safra, aproximadamente 220 dias ao longo do ano. “No entanto, os conceitos básicos já têm sido incorporados pelos pequenos produtores. Com essas informações o produtor pode desenvolver sua cultura da melhor maneira possível”, explica Landell. O Centro de Cana do IAC tem divulgado estes conceitos por meio de dezenas de palestras proferidas em eventos fitotécnicos, além de oferecer cursos e projetos que podem auxiliar no aprendizado dos métodos de matrizes.
 
125 anos
 
Em 27 de junho, o IAC completou 125 anos de pesquisas agrícolas ininterruptas. Durante todos esses anos, o Instituto desenvolveu 932 variedades de 66 espécies de plantas, de elevada qualidade nutricional, alta produtividade, resistência fitossanitária e menor exigência hídrica.

O Instituto dedica-se ao melhoramento genético convencional de plantas agrícolas e aos pacotes tecnológicos que envolvem essas espécies, desde o plantio à colheita, incluindo estudos de solo, clima, pragas e doenças e segurança e eficiência na aplicação de agrotóxicos. São soluções tecnológicas que atendem desde o pequeno até o grande produtor rural.

O Centro de Cana IAC realiza trabalho multidisciplinar dentro do Programa Cana IAC que envolve melhoramento genético, ciências do solo, caracterização de ambientes de produção, fitotecnia, manejo de pragas e doenças e estimativa de produção. O Instituto conta com rede de experimentação em 11 Estados brasileiros, com cerca de 160 empresas conveniadas.

O resultado dos trabalhos engloba o desenvolvimento de 20 variedades IAC — 19 para o setor sucroalcooleiro e uma para fins forrageiros. O Programa gera também eficientes pacotes tecnológicos, que têm levado a competitividade  da canavicultura paulista a outros Estados brasileiros e ao exterior (México, países da América Central e continente africano).

O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, iniciou seus estudos em cana-de-açúcar, em 1892. Atualmente, a sede administrativa do Centro de Cana está localizada em Ribeirão Preto, onde se concentra a maior parte da equipe técnica, e ainda conta com as participações de pesquisadores lotados em Campinas e nos Polos Regionais da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA).

Fonte: Assessora de Imprensa ? IAC

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