Cana de Açucar

Cana: cobrança de royalty é radical, mas necessária, diz Pogetti

Medida será adotada pelo CTC ainda neste ano e cobrará R$ 100 anuais por hectare cultivado com suas variedades protegidas


Publicado em: 13/03/2012 às 11:40hs

Cana: cobrança de royalty é radical, mas necessária, diz Pogetti

O presidente do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e da Copersucar, Luís Roberto Pogetti, considerou “uma mudança radical”, “mas necessária”, a cobrança de royalties da cana-de-açúcar produzida pela empresa de pesquisa, a ser adotada ainda este ano.

“Queremos criar com isso condições adequadas para acelerar o processo de desenvolvimento e inovação ao setor”, disse Pogetti. “É uma mudança radical, mas o investimento é necessário”, completou o executivo.

Como a Agência Estado revelou na última sexta-feira (09), o CTC iniciará, em 2012, a cobrança de royalties de R$ 100 anuais por hectare cultivado com suas variedades protegidas de cana-de-açúcar, ou seja, as com menos de dez anos de lançamento.

A cobrança só depende da aprovação da assembleia de sócios da empresa de pesquisa, prevista para entre o fim deste mês e o início de abril.

Segundo o presidente do CTC, o preço estipulado corresponde a cerca de um terço do ganho em produtividade que as variedades protegidas de cana têm em relação às sem proteção, ou seja, as mais antigas.

“Essas variedades têm uma produtividade 7% maior, em média; (com a cobrança de royalty) dois terços (do ganho em produtividade) ficariam com o produtor, um terço do desenvolvedor de tecnologia”, disse.

Ainda segundo Pogetti, a arrecadação de recursos com os royalties deve ampliar em 30% a curva de inovação da pesquisa, com o desenvolvimento e o lançamento mais rápido de novas variedades convencionais e genéticas.

“Com isso, esperamos reduzir em cerca de 20% a 30% o dinheiro que você gasta para desenvolver uma variedade”, disse. Cada variedade de cana demora cerca de dez anos para ser desenvolvida e custa cerca de R$ 150 milhões, segundo pesquisadores.

Pogetti afirmou que a cobrança de royalties e o desenvolvimento de novas variedades de cana deve “inverter a ordem” de gastos com defensivos e com a genética.

“Num ano inteiro, os produtores gastam 3,5% de todo o investido nas lavouras com defensivos e apenas 0,1% no material genético; precisamos inverter a ordem”, disse. “Quando o produtor entender essa lógica, a coisa anda”, completou.

Plano estratégico

A cobrança de royalties pela cana é o ponto principal do plano estratégico do CTC. A empresa espera ainda buscar parcerias para projetos de inovação industrial, como o desenvolvimento do etanol de segunda geração, entre outros.

Segundo Pogetti, recursos para esses projetos virão de grupos de acionistas que têm interesses em fazer as parcerias “num conceito similar ao de venture capital (capital de risco)”, concluiu.

Fonte: Agência Estado

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