Publicado em: 02/12/2024 às 18:00hs
Um relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA traz uma análise detalhada sobre os motivos por trás da valorização histórica do açúcar no mercado internacional. Com preços elevados em comparação ao etanol, o cenário atual apresenta desafios e oportunidades para as usinas sucroenergéticas brasileiras. A consultoria também propôs estratégias de comercialização para os produtores, destacando a necessidade de ampliar a produção global para atender à crescente demanda.
Atualmente, o preço do açúcar bruto é de 22 centavos de dólar por libra-peso (USDc/lb), 30% acima da média dos últimos 12 anos. Esse patamar reflete a escassez global de oferta, mesmo com o Brasil e a Índia produzindo volumes recordes na safra 2023/24. Outros grandes exportadores, como Tailândia, União Europeia e México, enfrentam quedas significativas na produção, entre 20% e 40% abaixo de suas máximas históricas.
Essa restrição de oferta ocorre em um contexto de ciclos típicos das commodities, alternando entre excesso e escassez de produção. Embora o Brasil tenha capacidade agrícola para expandir sua produção, o país enfrenta limitações em infraestrutura fabril, precisando decidir entre aumentar a produção de açúcar ou etanol.
Um dos principais fatores que impulsionam a atratividade do açúcar no Brasil é o "prêmio do açúcar", diferença entre os preços do açúcar e do etanol. Atualmente, esse diferencial é de 7 centavos de dólar por libra-peso (USDc/lb), bem acima da média histórica de 1 centavo de dólar por libra-peso. Esse cenário tem incentivado novos investimentos em usinas, com previsão de aumento na capacidade de fabricação em 1,5 milhão de toneladas para a safra 2024/25 e mais 1 milhão para 2025/26.
A demanda mundial por açúcar continua em expansão, com expectativa de crescimento de 1,3 milhão de toneladas por ano nesta década. Para atender a esse aumento, outros países exportadores, como Tailândia e Austrália, têm potencial econômico e incentivos para recuperar sua produção.
Apesar disso, o mercado brasileiro permanece estratégico devido ao seu baixo custo de produção. Segundo o Itaú BBA, o custo médio de produção no Brasil é de aproximadamente R$ 1.900 por tonelada, enquanto o preço médio projetado para a safra 2028/29 pode alcançar R$ 2.790 por tonelada, incluindo o prêmio do açúcar VHP.
Para produtores e usinas, a Mesa Agro do Itaú BBA sugere estratégias de hedge em reais, como o NDF, que permite travar preços futuros do açúcar. Em novembro, a consultoria indicou uma média de R$ 2.680 por tonelada para a safra 2028/29, oferecendo proteção contra oscilações de mercado.
Além disso, o Itaú BBA destaca que o retorno dos investimentos em novas fábricas pode ser viabilizado pelo prêmio do açúcar, que compensa o custo de instalação de novas unidades produtivas.
O cenário atual reforça a necessidade de uma expansão global na produção de açúcar, com os preços altos sinalizando margens atrativas para os produtores. No Brasil, o prêmio do açúcar e as condições favoráveis de crédito representam uma janela de oportunidade para aumentar a capacidade produtiva. Caso essa resposta não ocorra na velocidade necessária, outros países deverão ocupar esse espaço no mercado global.
Fonte: Portal do Agronegócio
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