Publicado em: 16/10/2024 às 14:40hs
Em seu mais recente relatório mensal, elaborado por Guilherme Morya, analista setorial da commodity, o Rabobank revelou que, durante o mês de setembro, o Brasil alcançou a marca de 4,5 milhões de sacas de café de 60 quilos exportadas, um volume recorde para esse período. Com esse desempenho, o total de exportações brasileiras em 2024 já soma 36,4 milhões de sacas, apresentando um crescimento de 39% em comparação ao mesmo intervalo do ano passado.
Apesar deste resultado expressivo, o relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) ressalta que o setor continua enfrentando problemas logísticos, principalmente devido à falta de espaço nos portos e à crescente demanda por contêineres para commodities como café, açúcar e algodão. Esses entraves logísticos resultaram em uma perda de 2 milhões de sacas que deixaram de ser exportadas.
No entanto, as exportações de café canéfora (conilon e robusta) seguem se destacando em 2024, com 912 mil sacas exportadas em setembro, totalizando 7 milhões de sacas até o momento, um aumento de 170% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Em outubro, a relação de troca para os produtores melhorou, sendo necessárias 1,6 sacas de café para adquirir 1 tonelada de fertilizante (blend 20-05-20). Essa relação representa uma queda de 3,5% em relação ao mês anterior e uma redução de 45% em comparação ao mesmo período do ano passado. Embora os preços da ureia tenham aumentado recentemente devido ao ataque iraniano em Israel, os preços do cloreto de potássio continuaram em queda, atingindo o menor patamar do ano e equilibrando os custos de adubação. Os preços elevados do café também contribuíram para essa melhoria na relação de troca.
Os preços do café no Brasil permaneceram em alta em setembro, com o café arábica alcançando uma média de R$ 1.459 por saca de 60 kg, refletindo um aumento de 49% em relação ao ano anterior. Por sua vez, o conilon atingiu, em média, R$ 1.497 por saca, um crescimento de 87% em comparação ao ano anterior, superando os preços do arábica, situação que havia sido observada apenas em 2016, durante uma quebra de safra de café conilon. Em outubro, os preços continuam a oscilar, com o arábica recuperando-se em relação ao conilon, o que pode levar as torrefadoras locais a aumentar significativamente a utilização do arábica em suas misturas.
Embora o potencial adiamento de 12 meses para a implementação da EUDR (Regulamentação Europeia sobre Desmatamento) até dezembro de 2025 e as chuvas que começaram a ocorrer no Brasil possam limitar os preços do café, a atual conjuntura, marcada por preocupações em relação aos conflitos no Mar Vermelho, as próximas colheitas brasileiras e vietnamitas, e a oferta global restrita, ainda sustentam os preços.
Setembro foi um mês seco nas principais regiões produtoras de café. Embora algumas áreas de café robusta tenham recebido chuvas, o volume ainda está abaixo da média histórica. Na última semana, precipitações foram registradas nas principais regiões produtoras de café, mas é fundamental que continuem para melhorar a situação das lavouras. O longo período seco e as altas temperaturas geram apreensão quanto ao potencial da próxima safra brasileira de 2025/2026. Para as próximas semanas, mais chuvas são esperadas nas regiões produtoras de café, sendo essencial monitorar esses eventos climáticos e a reação das plantações.
O Rabobank destaca que as mudanças nos preços podem incentivar as torrefadoras locais a aumentar o uso de arábica em suas misturas. Além disso, o banco enfatiza a necessidade de acompanhar as chuvas e as altas temperaturas que podem impactar a safra brasileira de 2025/2026.
Fonte: Portal do Agronegócio
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