Café

Preços do café não cobrem perdas acumuladas

José Wilson Lopes ? Cafeicultor de SP destaca prejuízos em 10 anos e da perda de mercado pelo Brasil


Publicado em: 14/02/2012 às 09:25hs

Preços do café não cobrem perdas acumuladas

Com muita satisfação ganhamos este espaço em businesscaipira, o novo canal sobre a economia do interior paulista, pena que as notícias poderiam ser melhores no que tange a comercialização do café. Muitos comemoram os preços da última safra, mas não resta dúvida que precisamos, antes de comemorar, observar mais a fundo a questão.

Como a maioria dos produtores de café geralmente tem memória curta, não se pode esquecer que nos últimos 10 anos acumulou-se um prejuízo razoável na comercialização das  safras colhidas no Brasil.

Por uma década, embora os preços de insumos agrícolas, maquinários, combustível, energia elétrica, obrigações trabalhistas, entre outros custeios, tenham sofrido uma inflação de aproximadamente 600% ou mais, recebeu-se em média R$ 200  por saca de café beneficiado vendido.  Houve, evidentemente, uma grande descapitalização na área de produção.

A conseqüência foi a diminuição e não aumento da área de produção.  E os tratamentos fitossanitários, como também o uso de fertilizantes, foram relegados ao mínimo possível.

Por tais motivos, farei, neste meu comentário, o papel do estraga prazeres: embora tenhamos tido no ano de 2011 uma receita com as exportações para a União Européia de mais de US$ 1,5 bilhão maior que em 2010, , o total exportado no período foi de aproximadamente 600 mil sacas a menos que as vendas de 2010.

De acordo com dados do CECAFÉ, as exportações para a América do Norte deixaram saldo positivo frente as vendas de 2010, porém, no total exportado, o Brasil teve redução de sacas vendidas. Isto é altamente preocupante, pois significa que estamos perdendo espaço no mercado mundial, algo que, há muito, vem acontecendo.

É possível que tais cotações possam se manter por mais um ou dois anos, mas a lógica nos ensina que devemos estar preparados para o momento em que houver uma acomodação do mercado entre oferta e consumo.

Devemos nos preparar para que no momento em que isto acontecer não nos reste apenas a lamentar. Devemos nos preparar para que estejamos em condições de oferecer ao mercado mundial de café as quantidades e a qualidade necessárias ao abastecimento do consumo, além da  reversão do triste estigma de que os cafés do Brasil sejam ainda considerado um produto de segunda linha.

No momento em que tal acontecer, será a hora de mostrarmos que o café do Brasil é tão bom ou até melhor que os colombianos e quenianos. Se tal se consolidar, reverteremos também, na Bolsa de Nova York, os valores maiores pagos para a produção daqueles países.

Quem sabe não estaríamos aí iniciando o caminho para que a Bolsa do Café venha a ser operada no país do maior produtor de café do mundo. Onde? No Brasil, oras!

José Wilson Lopes – produtor rural e liquidante da Cooperativa dos Cafeicultores de Garça/Garcafé.

Fonte: Peabirus

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