Café

Outono sem El Niño ou La Niña poderá ser favorável para a cafeicultura

Ás 8h02min de hoje, quarta feira, 20, começou o outono.


Publicado em: 20/03/2013 às 10:10hs

Outono sem El Niño ou La Niña poderá ser favorável para a cafeicultura

Estação de transição entre o verão e o inverno, é caracterizada por dias e noites com duração aproximadamente iguais, com redução gradual no comprimento do dia, no volume de chuvas e na temperatura em quase todo o país. É nesta estação que tem início a chegada de frentes frias com maior intensidade ao Brasil, provocando mudanças bruscas nas condições do tempo.

Para a cafeicultura, o início dessa estação representa também o início dos preparativos para a colheita. Nesse período, o produtor deve fazer uma previsão da safra. Isso o ajudará a programar o número de pessoas mão de obra dependendo do sistema de colheita: se manual, semimecanizada ou mecanizada. Nesse momento, importantes cuidados devem ser tomados, sem os quais a qualidade do café pode ser afetada.

Dependendo do sistema escolhido a colheita pode ser feita na forma de derriça no pano. Logo, o produtor deve realizar a arruação, que representa a limpeza do solo em torno da saia do pé de café, com objetivo de eliminar folhas secas, matos, galhos e eventuais grãos já caídos. Caso a colheita venha a ser mecanizada, o momento é para o produtor regular as máquinas, limpar os terreiros secadores e fazer manutenção nos demais equipamentos envolvidos na pós-colheita.

Como medida de cuidado para com a cultura, ainda na transição do mês de março e abril pode ser realizada uma última adubação do solo. Enfim, os cuidados nesse segmento são de grande importância para que o produto final apresente qualidade.

Clima recente

A falta de chuva nos últimos dias tem sido um problema no interior do Nordeste brasileiro. Temperaturas diurnas elevadas têm intensificado os problemas decorrentes da falta de chuva na região.  Essa área se ampliou para o interior do Brasil alcançando parte dos estados de Goiás, Tocantins, Maranhão, Piauí e Tocantins e a mesorregião do Oeste da Bahia, que são importantes produtoras de soja, milho e algodão.

Nos últimos dias, entretanto, ocorreram pancadas de chuva desde o Sudeste do Mato Grosso até o Sul de Minas Gerais. Embora em volume desigual nas diferentes regiões, as chuvas foram benéficas para a cafeicultura e para a cana, sendo esta última cultivada em alguns locais de São Paulo.

Chuvas no mês de abril

Em abril há probabilidade de ocorrência de chuvas acima da média para todo o litoral nordestino, seguindo desde a região do Nordeste baiano até o Agreste potiguar. Para Minas Gerais a previsão de chuvas acima da média é esperada para as mesorregiões do Campo das Vertentes, Oeste de Minas e Triângulo Mineiro. No estado da Bahia, essa condição é esperada apenas para o Sul da mesorregião do Extremo Oeste baiano, enquanto para Goiás são esperadas para a região Central, Norte e Leste do estado. Para Mato Grosso, chuvas acima da média do período são esperadas apenas para a porção Sul da região Nordeste.

Chuvas dentro da média ou pouco acima delas em abril são esperadas no estado da Bahia para a mesorregião do Centro Sul baiano; para Minas Gerais são esperados na Zona da Mata mineira, na região Metropolitana de Belo Horizonte e no Sul do estado.

Chuvas dentro da média ou abaixo dela nesse mês são esperadas para todos os estados da região Sul do Brasil, com maior probabilidade de chuvas abaixo da média no litoral Sul de São Paulo, na região Metropolitana de Curitiba, região Serrana de Santa Catarina e Nordeste do Rio Grande do Sul. As chuvas em abril servirão para assegurar a umidade do solo produzida pelas chuvas de março.

Chuvas no mês de maio

Em maio há probabilidade de que as chuvas ocorram dentro da média ou pouco acima dela para todos os estados da região Sul do Brasil, bem como para a porção Sul do estado de São Paulo. Maior probabilidade de chuvas acima da média ocorre para o litoral paulista. No Paraná essas condições são esperadas para a região Metropolitana de Curitiba, Norte, Central, Centro Oriental, Norte Pioneiro e Sudeste paranaense.

Nesse mês as probabilidades de ocorrência de chuvas abaixo da média são para a região Sul do Ceará, Sudeste e Sudoeste piauiense; para todos os estados do Nordeste brasileiro e para todo o litoral baiano, desde o Sul até o Nordeste do estado. Na porção Oeste da mesorregião do Extremo Oeste baiano as chuvas também deverão ocorrer abaixo da média mensal. O extremo norte dos estados de Goiás e o extremo Sul de Tocantins também deverão apresentar chuvas abaixo da média mensal.

Chuvas no mês de junho

Para este mês há probabilidade de ocorrência de chuvas abaixo da média para todos os estados da região Nordeste do Brasil, bem como para as regiões Centro Norte dos estados do Piauí, Maranhão e Pará.

As chuvas acima da média são esperadas neste mês para todos os estados do Sul do Brasil bem como para os estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo, sendo a maior probabilidade de que chuvas ocorram acima da média do mês para o Nordeste Rio-grandense e para o litoral do Paraná e de Santa Catarina.

Chuvas no outono

Para o trimestre é esperado que as chuvas venham a ocorrer abaixo da média em todos os estados do Nordeste brasileiro, sendo que na Bahia essa probabilidade é maior para a região litorânea e para o Nordeste Baiano.

O Sul do Maranhão e do Pará, o Norte e o Leste do estado de Tocantins e o estado de Mato Grosso devem apresentar ao longo do Outono chuvas dentro ou abaixo da média do período.

Temperatura no outono

Espera-se que ao longo do outono as temperaturas venham a ocorrer bem acima da média para todos os estados do Nordeste brasileiro, para as mesorregiões do Sudoeste e Sudeste piauiense, Nordeste baiano e Extremo Oeste baiano, assim como em todo o estado do Tocantins, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, sendo nesse último a exceção apenas para a mesorregião Sudoeste.

Em Minas Gerais apenas as mesorregiões Noroeste e Norte deverão apresentar temperaturas dentro ou pouco acima da média, sendo que as demais regiões deverão apresentar temperaturas acima da média do período.

Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, bem como a região Centro Leste do Paraná também deverão apresentar temperaturas acima da média do período. Em relação à região Nordeste do Brasil, a ocorrência de temperatura acima da média cresce à medida que se aproxima o mês de junho.

Os fenômenos El Niño ou La Niña

Durante os últimos meses a temperatura da superfície da “Porção Oriental do Oceano Pacífico Equatorial” tem se mantido abaixo da média, assegurando para o outono e o inverno do Hemisfério Sul maior probabilidade da permanência das condições de neutralidade para o fenômeno ENOS (El Niño Oscilação Sul), ou seja, significando a ausência da ocorrência dos fenômenos El Niño ou La Niña nessas estações.

A análise e o prognóstico climático aqui apresentado foram elaborados com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais e principalmente naqueles atuantes na América do Sul e são de caráter experimental. Foram consideradas ainda as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA, Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade - IRI, Met Office Hadley Centre, Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo - ECMWF, pelo Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e dados climáticos do INMET/INPE. A informação é disponibilizada ao público em geral, porém, nenhuma garantia implícita ou explícita é dada pela EPAMIG, a qual não se responsabiliza pelo uso indevido, por parte de terceiros, das informações aqui disponibilizadas.

 Williams Ferreira  - Pesquisador da Embrapa/EPAMIG na área de Agrometeorologia e Climatologia, atua principalmente em pesquisas voltadas para o tema Mudanças Climáticas Globais.williams.ferreira@embrapa.br (ou) williams.ferreira@epamig.br

 Marcelo Ribeiro  - Pesquisador da EPAMIG na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café.mribeiro@epamig.br