No último sábado, 27 de julho, Minas Gerais deu um passo significativo ao exportar o primeiro lote de café com certidão de conformidade para a União Europeia. O container, que contém 320 sacas provenientes de dez cafeicultores dos municípios do Sul de Minas, partiu do porto de Santos e tem previsão de chegada em Dublin, na Irlanda, no dia 21 de agosto.

Essa exportação pioneira é fruto de uma colaboração entre o Governo de Minas, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Cooperativa dos Cafeicultores de Três Pontas (Cocatrel). A operação é suportada pela plataforma SeloVerde MG, que atesta a conformidade com a legislação ambiental nacional, emitindo uma certidão pública de “Nada Consta” vinculada ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) dos produtores. Essa certificação confirma que o café não está associado ao desmatamento, atendendo assim às exigências da União Europeia.

O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Thales Fernandes, destaca a importância da iniciativa. “Minas Gerais demonstra sua capacidade de atender às novas exigências da União Europeia e às nossas leis ambientais, preservando nossos mercados e promovendo a sustentabilidade.”

A plataforma SeloVerde MG foi desenvolvida pela Seapa, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a UFMG, com apoio do programa AL-INVEST Verde da União Europeia. Essa ferramenta gera um diagnóstico socioambiental através da análise automática dos imóveis rurais em Minas Gerais.

Desde a implementação das novas regras de importação da União Europeia, o Governo de Minas tem trabalhado para consolidar a plataforma como uma ferramenta essencial para comprovar a sustentabilidade das principais cadeias produtivas do estado. Em março deste ano, representantes da Comissão Europeia e do Programa AL-INVEST Verde visitaram Belo Horizonte e propriedades no Sul de Minas para conhecer os resultados da ferramenta.

“Desde a aprovação do Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), temos apoiado países latino-americanos na implementação de ferramentas de rastreabilidade que reúnam as informações necessárias para o comércio dos produtos incluídos no regulamento,” informa Andrea Monaco, Senior Programme Manager do AL-INVEST Verde.

Através de análises geoespaciais e integração de bancos de dados, a plataforma confirma que 99% das cerca de 120 mil propriedades produtoras de café em Minas Gerais estão em conformidade com a nova legislação europeia. Além do café, a plataforma cobre soja, gado, cana-de-açúcar e produtos de silvicultura. Para commodities como soja e gado, as propriedades livres de desmatamento atingem 95%, enquanto para cana de açúcar e florestas plantadas os índices são de 96% e 93%, respectivamente.

Felipe Nunes, pesquisador do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG, explica que os diagnósticos são apresentados individualmente para cada imóvel rural e podem ser comparados com imagens de alta resolução disponíveis na plataforma. “Isso garante transparência e rastreabilidade da produção em Minas Gerais, além de identificar e premiar produtores que preservam áreas de vegetação nativa além das exigências legais.”

Breno Lasmar, diretor-geral do IEF, destaca os avanços na modernização dos sistemas de gestão florestal. “Implementamos tecnologias inovadoras que aumentaram a transparência e a eficácia das nossas ações, promovendo um ambiente mais seguro e sustentável, e alinhando as atividades econômicas aos princípios da sustentabilidade.”

O Regulamento da União Europeia (EUDR) entrará em vigor em janeiro de 2025, abrangendo sete commodities de risco florestal, incluindo café, e produtos derivados.