Publicado em: 07/10/2024 às 11:40hs
Apesar de algumas variações negativas ao longo das últimas semanas, o mercado do café segue altista, tanto os futuros do arábica quanto do robusta operando em níveis históricos.
Segundo Laleska Moda, analista de Café da Hedgepoint Global Markets, “um ponto interessante é que, ao avaliarmos o comportamento dos spreads entre os contatos futuros das variedades, fica evidente que os mais valorizados são os primeiros vencimentos, evidenciando uma maior preocupação com a cobertura no curto prazo”.
De fato, outros fatores técnicos do mercado também apontam para essa tendência. Na sexta-feira (27), ainda que os fundos especulativos do arábica e do robusta liquidaram parte das posições longas, eles ainda seguem comprados, indicando que esses agentes também seguem precificando uma alta no mercado. Tanto os fundos quando os spreads.
“O mercado segue sustentado pelo clima no Brasil. Apesar de chuvas pontuais ao longo de setembro, as precipitações seguiram abaixo das médias históricas no mês enquanto os níveis de umidade do solo seguem abaixo dós mínimos históricos, reflexo da seca mais severa em 2024”,
“Além disso, o volume de chuva dos últimos dias foi suficiente para a indução de uma nova florada em diversas regiões, enquanto as previsões ainda apontam para tempo firme e quente nos próximos dias, elevando os riscos de efeito negativo em 25/26. As expectativas são de que as chuvas retornem de forma mais significativa no final de primeira quinzena de outubro o que deve trazer algum alívio, mas pode não ser suficiente para o abortamento de parte das floradas já ocorridas”, observa a analista.
É valido lembrar que o clima adverso dos últimos meses já teve impactos na temporada 24/25 brasileira, nos levando a revisar nossos números para baixo em agosto, para 63 M de sacas. Além disso, a seca e altas temperaturas no Vietnã no primeiro semestre do ano também mantém nossas expectativas de uma safra menor no país em 24/25 – que deverá ser colhida nas próximas semanas.
“Assim, em 24/25 projetamos um novo déficit global de café, sendo o 4º ano seguido do balanço negativo”, destaca.
“Esse cenário também deve refletir na continuidade dos estoques limitados do grão, tanto nas origens quanto nos destinos – em análise anterior já apontamos nossa expectativa de estoques limitados”, pontua.
Vale apontar que em setembro, os estoques certificados da ICE também voltaram a recuar, após breve recuperação em agosto.
No caso do robusta, os estoques certificados inclusive recuaram das mínimas históricas atingidas no último ano, provavelmente em reflexo da demanda ainda aquecida pela variedade em meio à estoques baixos no Sudeste Asiático.
“Ainda que as exportações de conilon do Brasil estão crescendo em meio a esse cenário, os embarques do país podem não ser suficiente para suprir o espaço deixado especialmente pelo Vietnã, mantendo o mercado sensível à oferta”, conclui.
Em resumo, o mercado cafeeiro segue em sua tendência de alta, à medida que as perspectivas ainda trazem preocupações com a oferta no curto a médio prazo, o que também tem sido refletido na estrutura do mercado futuro
As adversidades climáticas de 2023 e 2024 levaram não apenas à uma safra brasileira inferior, mas também podem impactar a safra a ser colhida no Vietnã
neste ano, refletindo não apenas em estoques inferiores, mas também na possibilidade de mais um déficit global de café.
Agora no segundo semestre de 2024, o clima seco e quente pode ainda trazer impactos negativos para a temporada 25/26 no Brasil, mantendo a alta volatidade no mercado, uma vez que qualquer impacto na próxima temporada adicionar ao risco da oferta, dando suporte aos preços e aumentando a incerteza para produtores e compradores.
Fonte: Hedgepoint Global Markets
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