Publicado em: 29/11/2024 às 14:40hs
O mercado internacional de café está em alerta depois que as empresas brasileiras Atlantica e Cafebras recorreram à Justiça para reestruturar suas dívidas, impactadas pelo aumento nos preços globais do café arábica. O cenário adverso, decorrente de uma safra prejudicada pela seca no Brasil, levou os futuros do café arábica na Bolsa ICE (International Commodity Exchange) a atingirem os níveis mais altos dos últimos 50 anos, criando um clima de incerteza para comerciantes e produtores.
O aumento dos preços tem gerado uma pressão crescente sobre os traders, que enfrentam custos elevados para manter posições vendidas em contratos futuros, em um esforço para proteger seus negócios no mercado físico. Este aumento de custos está relacionado às chamadas de margem, quantias adicionais que os traders precisam pagar como garantia contra possíveis perdas.
Na quarta-feira, as empresas Atlantica e Cafebras informaram que estavam tentando reestruturar suas dívidas, citando como principais fatores os problemas gerados por colheitas ruins e a alta inadimplência no setor. As empresas alegaram ainda ter cerca de 900 mil sacas de café pendentes de recebimento de produtores que não cumpriram suas promessas de entrega.
A expectativa entre os traders é de que essas empresas não sejam as únicas a enfrentar dificuldades financeiras, o que pode resultar em uma pressão adicional nos preços do café. Alguns comerciantes destacam que as dívidas acumuladas pelas empresas podem chegar a cerca de meio milhão de sacas, o que está afetando diretamente a liquidez do mercado. Esse cenário está elevando ainda mais os preços, com os futuros do café arábica já registrando uma alta de cerca de 40% neste mês, ultrapassando a marca de 3 dólares por libra-peso.
Especialistas afirmam que o mercado pode continuar a subir, e alguns já apontam a possibilidade de o preço atingir 3,50 dólares por libra-peso. "Estamos percebendo que o problema está se espalhando e impactando o mercado de forma crescente", afirmou um trader, refletindo o crescente temor sobre a instabilidade do setor. A previsão é de que as dificuldades enfrentadas por essas empresas brasileiras possam se refletir no aumento dos preços do café para os consumidores finais.
Fonte: Portal do Agronegócio
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