Publicado em: 29/01/2025 às 09:30hs
O verão de 2025 no Sudeste do Brasil promete trazer desafios climáticos significativos para a produção de café arábica e conilon, com consequências diretas para o agronegócio e a economia nacional. A cafeicultura, que desempenha um papel central na economia brasileira, foi recentemente apontada como um dos principais fatores da inflação em 2024. O cenário climático adverso, com chuvas acima da média e alta umidade, pode gerar pressões adicionais sobre os preços no mercado interno, afetando diretamente o consumidor.
De acordo com a AtmosMarine, empresa especializada em meteorologia e oceanografia, o fenômeno La Niña foi oficialmente confirmado, embora com intensidade fraca. O índice Niño 3.4 atingiu -0.5, com previsão de permanência até março ou abril. Apesar de sua influência ser limitada devido à sua atuação tardia, o fenômeno pode trazer anomalias negativas de temperatura e anomalias positivas de precipitação, especialmente em função da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), afetando diretamente a cafeicultura.
A ZCAS, característica do verão brasileiro, transporta grandes volumes de umidade da Amazônia para o Sudeste, gerando chuvas persistentes e nebulosidade por vários dias. Esse excesso de precipitação, combinado com temperaturas mais amenas, cria condições ideais para o surgimento de doenças fúngicas, como a ferrugem-do-cafeeiro (Hemileia vastatrix) e a mancha de phoma, que se desenvolvem em ambientes de alta umidade.
Segundo Luiz do Carmo, meteorologista da AtmosMarine, "além do risco fitossanitário, solos saturados podem comprometer o sistema radicular das plantas, prejudicando a absorção de nutrientes e causando o amarelamento das folhas, o que impacta diretamente a produtividade. O excesso de chuvas também dificulta práticas essenciais de manejo, como a aplicação de defensivos, e aumenta o risco de erosão, especialmente em áreas montanhosas".
Por outro lado, o especialista destaca que as temperaturas mais amenas podem ter um efeito benéfico, favorecendo um desenvolvimento vegetativo mais lento, o que contribui para uma maturação mais uniforme dos grãos – uma característica desejável para a qualidade do café.
Em resumo, o cenário climático do verão no Sudeste do Brasil apresenta riscos e oportunidades para a produção de café, com a possibilidade de impactar tanto a oferta quanto os preços do produto no mercado interno.
Fonte: Portal do Agronegócio
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