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Consumo de Café de Qualidade Cresce no Brasil

Neste ano, a rede de lojas de café Starbucks - que chegou ao Brasil em 2007 - pretende abrir 32 novas cafeterias no país, dobrando de tamanho em apenas um ano


Publicado em: 22/03/2012 às 19:10hs

Consumo de Café de Qualidade Cresce no Brasil

A multinacional, que manteve crescimento relativamente moderado nos últimos quatro anos, resolveu pisar no acelerador, a fim de encerrar 2012 com 64 lojas no país. "Os investimentos refletem o bom desempenho no consumo da bebida no Brasil, que nunca foi tão alto", avalia Nathan Herszkowics, diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Em 2011, foram 4,88 quilos de café torrado e moído por habitante, "maior que os patamares registrados na França, Itália e Estados Unidos", diz Herszkowics. O volume equivale a 82 litros da bebida e corresponde a 40% da safra nacional. Nos grandes consumidores internacionais, o consumo oscila entre 75 e 80 litros. Para 2012, a estimativa é que o crescimento verificado em 2011, da ordem de 3,5%, se repita, sustentado principalmente por jovens consumidores.

Esse novo perfil consumidor começou a ganhar relevo nos últimos dez anos, com a melhoria da qualidade do grão ofertado no país, o desenvolvimento de produtos gourmet e especiais e o novo "status" conferido ao café, semelhante ao do vinho. Recentemente foi lançado o Cup of Excellence - Natural Late Harvest, concurso inédito, destinado a cafés naturais, que premiou Luiz Flávio Pereira de Castro, proprietário do Sítio Colinas, em Carmo de Minas (MG), como o produtor do melhor café natural do Brasil na safra 2011. Graças a ações como essas um novo segmento da população brasileira, que por décadas ajudou a derrubar as estatísticas de consumo no país, passou a apreciar a bebida. "O maior aumento de consumo se deu na faixa etária entre 15 e 29 anos", diz Herszkowics. O diretor da Abic cita ainda uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2009 que constatou que 78% dos jovens acima de 10 anos toma café diariamente, "Naquele ano, o consumo per capita já indicava um volume de 78,5 litros por habitante ao ano", conta.

A Starbucks ajudou a modificar os hábitos de consumo do jovem brasileiro com a oferta de bebidas combinadas à base de cappuccino e leite. "É uma maneira de beber que difere do consumidor mais tradicional, na faixa dos 50 anos, acostumado com o espresso e o café coado", diz. Atualmente, muitas cafeterias em São Paulo entraram na onda da Starbucks e estão criando novas tendências, como drinques com a assinatura de baristas e cafés que são servidos com desenhos nas xícaras. Além disso, a população mais jovem está interessada em produtos novos e certificados (que tenham sido produzidos de maneira sustentável).

Para as indústrias brasileiras, o aumento no consumo interno acontece num bom momento, uma vez que na Europa o consumo se mantém estagnado e nos EUA o crescimento é lento. "A vantagem do mercado interno é que o brasileiro conhece e gosta da bebida", diz o executivo da Abic, Apesar da pouca tradição no mercado externo, o café industrializado de alta qualidade vem ganhando espaço fora do Brasil. "Em 2011, as exportações somaram US$ 26 milhões. No início da década, o país não exportava nada industrializado, apenas café em grão", diz. Lá fora, entre os mercados mais exigentes, destacam-se o Japão e a Alemanha, com consumo per capita em torno de 7 quilos por habitante, e os países nórdicos Finlândia, Noruega e Dinamarca), onde o consumo se situa em 10 quilos por habitante ao ano. "Ainda existe um campo muito grande para ampliar o consumo no Brasil, e nosso sonho é alcançar os indicadores nórdicos", comenta Herszkowics.

Para 2012, a Abic projeta consumo no mercado interno de 20,41 milhões de sacas. Já os preços devem se manter em alta, em virtude da queda na safra de café arábica em importantes produtores, como Colômbia e Guatemala, da redução dos estoques mundiais e da expectativa de consumo mundial crescente. "Os preços da matéria-prima devem seguir pressionados especialmente no primeiro trimestre do ano", diz o diretor da Abic. Em 2011, os preços do café nas prateleiras de supermercados de São Paulo iniciaram janeiro com valor médio de R$ 11,12 por quilo e encerraram dezembro com R$ 13,26 por quilo, numa evolução de 19,2%, depois de ficarem estáveis por cerca de quatro anos. Nesse mesmo período, o café em grão cru subiu mais de 70%.

As vendas do setor em 2011 podem ter atingido R$ 7 bilhões, e espera-se que cheguem a R$ 7,7 bilhões em 2012. A meta da Abic para o consumo interno, de atingir 21 milhões de sacas, proposta em 2004, deve finalmente ser alcançada em 2013. Com a economia brasileira sendo impulsionada em 2012 e as previsões que se fazem para o crescimento do PIB, do consumo das classes C, D e E, mais a previsão de que as classes A e B poderão crescer 50% ate 2015, é natural que o consumo do café siga crescendo. "Além de gostar de café, o brasileiro também aprecia novidades, por isso vamos estimular a oferta de produtos especiais", diz Herszkowics.

Novo recorde

A primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que a safra brasileira deverá se situar entre 48,97 milhões e 52,27 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado. O resultado aponta para um crescimento entre 12,6% e 20,2% quando comparado à produção da temporada anterior, que foi de 43,48 milhões de sacas, e deve-se, principalmente, ao ano de alta bienalidade, Em volume, a produção de arábica poderá crescer entre 4,22 milhões e 6,83 milhões de sacas, enquanto o conilon aumentará entre 1,26 milhão e 1,95 milhão de sacas. Confirmado o resultado, esta será a maior safra já produzida no país, superando o volume de 48,48 milhões de sacas colhido na safra 2002/2003. A área plantada no Brasil totaliza 2,35 milhões de hectares. Apesar da expectativa de produção recorde, os preços do café se mantêm em altos patamares, negociados a R$ 490 a saca do produto fino, impulsionados pela demanda aquecida.

Fonte: Globo Rural

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