Publicado em: 08/03/2012 às 08:05hs
Hoje, o Consórcio Pesquisa Café reúne mais de 50 instituições no maior programa de pesquisa em café do mundo, coordenado pela Embrapa Café. Com visão de futuro e engajadas na pesquisa e no desenvolvimento da cafeicultura brasileira com competitividade e sustentabilidade, dez instituições de ensino, pesquisa e transferência de tecnologia uniram competências e conhecimentos, assinando o Termo de Constituição do Consórcio no dia 3 de março de 1997.
O arranjo inovador é referência no cenário nacional e mundial da pesquisa cafeeira, tendo colaborado com cerca de 700 a mil projetos de pesquisa realizados e em desenvolvimento. Desde sua criação, o Consórcio já recebeu aporte financeiro na faixa de R$ 120 milhões, recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), gerido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e distribuídos entre as instituições participantes da programação de pesquisa. O Programa de Pesquisa em Café é voltado para geração de conhecimentos estratégicos, de informações e tecnologias e de comunicação técnico-científica de resultados. A programação atual conta com 74 projetos de pesquisa e 354 Planos de Ação.
O Consórcio é regido por um Conselho Diretor, constituído pelos dirigentes máximos de cada uma das dez instituições fundadoras, sendo presidido pelo Diretor-Presidente da Embrapa, Pedro Arraes. “O Consórcio Pesquisa Café veio para preencher uma lacuna de articulação e compartilhamento de competências na pesquisa cafeeira, com uma distribuição da programação de pesquisa por mérito técnico. A partir de um modelo construído, na prática, no dia a dia, pelas instituições parceiras, esse arranjo inovador potencializou as estruturas de pesquisas já existentes no país e gerou resultados impactantes”, declara Arraes. Ele destaca ainda a importância do Consórcio em fazer com que o Brasil, maior produtor e exportador de café, tivesse novamente uma programação robusta de pesquisa na área.
Entre as pesquisas e tecnologias que contaram com o apoio do Consórcio, há estudos em todas as etapas da cadeia produtiva do café, do manejo do solo à pós-colheita e qualidade da bebida. Podemos citar entre as pesquisas: melhoramento genético e obtenção de dezenas de novas cultivares, o uso da biotecnologia como ferramenta na identificação de promotores gênicos, estudos sensoriais e químicos de genótipos de Bourbons, manejo integrado e controle de plantas daninhas em plantios de café, agroclimatologia do cafeeiro, estudos de irrigação e fertirrigação.
Em relação às tecnologias, a Biofábrica para a propagação de mudas por clonagem, reduz o tempo das pesquisas com cultivares; o Sistema de Limpeza de Águas Residuárias (SLAR) economiza 90% do gasto com água no processamento dos frutos; o Estresse Hídrico Controlado produz maturação e colheita uniformes dos frutos com resultado sentido na melhor qualidade da bebida; a Poda Programada do Conilon, adotada nas principais regiões produtoras gera uma redução média de 32% da mão-de-obra em dez colheitas; o Alerta Geada protege lavouras no Paraná desde 1995 e na última geada 100% dos cafeicultores foram beneficiados com a tecnologia.
Além de ações de transferência de tecnologia, como o projeto “Desenvolvimento e avaliação de ferramentas de comunicação rural para a cafeicultura do Sul de Minas”, os dias de campo, eventos em geral, como a Expocafé e Fenicafé, e o apoio no lançamento de publicações sobre café.
Essas e tantas outras contribuições do Consórcio podem ser percebidas na produção brasileira, que aumentou sua produtividade nesse mesmo período sem o aumento da área cultivada. Resultados que levaram o Consórcio a integrar importantes parcerias com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad/França), oInstituto Nacional de Investigaciones Agricolas (INIA), da Venezuela, e a Japan International Research Center for Agricultural Sciences(Jircas), do Japão, além de convites para trabalhar em conjunto com a rede internacional World Coffee Research (WCR) e o CATIE, da Costa Rica.
Entre as ações promovidas pelo arranjo, destaque para a realização de sete edições do Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil. Realizado a cada dois anos por consorciadas em parceria, o evento reúne pesquisadores, empresas do agronegócio café, estudantes e outros interessados, do Brasil e exterior, na pesquisa e desenvolvimento da cafeicultura. Os Simpósios trazem o que há de mais atual em discussões sobre pesquisa em café e possibilitam um realinhamento das redes e linhas de pesquisa em andamento. Na última edição, em agosto de 2011, foi lançada mais uma ferramenta do arranjo, o Portal do Consórcio Pesquisa Café. A página na internet permite aos interessados no setor e à sociedade em geral conhecer e acompanhar a atuação do Consórcio, pelo seu histórico, sabendo mais sobre as instituições consorciadas e o Programa de Pesquisa em Café, além das notícias atualizadas sobre o arranjo, consolidando sempre a marca Consórcio Pesquisa Café.
Novas estratégias
Com o objetivo de melhorar e adequar o Consórcio às mudanças no cenário da pesquisa, um grupo de trabalho vem se reunindo com a participação de representantes das dez instituições fundadoras. O grupo está analisando todos os documentos do Consórcio, como o Termo de Constituição e o organograma, num esforço de revisão de conteúdo e estratégia nunca feito antes. Depois da análise da documentação e da discussão de encaminhamentos, será elaborado um novo documento com a atualização do organograma e das atribuições do Consórcio. A partir daí, o grupo será dividido em duas comissões de reestruturação, coordenadas pelos professores e pesquisadores, Rubens José Guimarães (Ufla) e Laércio Zambolim (UFV). “Faremos uma revisão para definir e reestruturar o funcionamento do Consórcio numa visão estratégica mais atualizada”, explica Zambolim. O grupo já realizou duas reuniões e a próxima está agendada para os dias 20 e 21 de março.
Dessa forma, a iniciativa inédita que vem dando certo se prepara para os desafios do futuro no agronegócio café, adaptando-se e acompanhando o conceito mais atual de pesquisa, desenvolvimento e inovação. “Hoje o Consórcio é um arranjo consolidado e reconhecido, o que mostra amadurecimento da iniciativa. Estamos num bom momento na cultura do café, o Consórcio precisa trabalhar agora para manter a competitividade do agronegócio com uma pesquisa forte, baseada em linhas de ponta do conhecimento como biotecnologia e nanotecnologia, alinhada à transferência de tecnologia”, ressalta o presidente do Conselho Diretor, Pedro Arraes.
Instituições fundadoras
As dez instituições fundadoras do Consórcio são: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Viçosa (UFV). Para conhecer as demais instituições consorciadas na programação atual de pesquisa, clique aqui.
Depoimentos das consorciadas
“Gostaríamos de parabenizar o Consórcio Pesquisa Café pelos 15 anos de existência e reforçar ainda mais a nossa parceria. Quando o Consórcio foi idealizado era para estimular e melhorar a produtividade e a qualidade do café brasileiro. O esforço dos pesquisadores refletiu no melhor desempenho da cafeicultura com níveis de eficiência nunca antes alcançados. Após esses 15 anos, o grande desafio é desenvolver metodologias onde possamos, além de melhorar a pesquisa, repassar conhecimento para o produtor. Nessa mesma linha, importantíssimo é o trabalho dos pesquisadores na capacitação dos cafeicultores, buscando a inclusão de mercado e dando-lhes condições para a certificação da sustentabilidade da produção”
Edilson Alcântara
Diretor do Departamento do Café
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
“Os 15 anos do Consórcio Pesquisa Café precisam ser muito comemorados. O sucesso dessa parceria entre instituições de pesquisa para o desenvolvimento da cafeicultura no Brasil fica evidente a cada ano que passa. O Consórcio executa o maior programa de pesquisa em café do mundo, proporcionando o avanço do agronegócio café no Brasil, líder mundial em pesquisas técnicas e científicas nesta área. Em agosto de 2011, quando realizamos o 7º Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, reunimos 813 participantes com influência sobre cerca de 70% do parque cafeeiro nacional, confirmando a força, a importância, que o Consórcio, com seus parceiros, tem para a cafeicultura brasileira e mundial. Por tudo isso, todos nós da EPAMIG temos muito orgulho em fazer parte desse sucesso do Consórcio Pesquisa Café, este que é um dos produtos mais importantes da agricultura brasileira. A EPAMIG, parceira desde a primeira hora, com todos os seus colaboradores, continuará trabalhando intensamente para o progresso deste grupo, pois o sucesso do Consórcio é o sucesso da EPAMIG. Parabéns a todas as instituições que compõem o Consórcio Pesquisa Café!”
Antônio Lima Bandeira
Presidente da EPAMIG
“O Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, fundado em 1997 pelas mais importantes instituições nacionais dedicadas à causa cafeeira, foi fundamental no revigoramento das pesquisas com o café realizadas pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas. Trata-se de um marco na gestão da pesquisa pública brasileira, que passou a ser executada de forma bastante articulada, valorizando os já existentes centros de excelência e atraindo novos grupos para a pesquisa cafeeira”
Hamilton Humberto Ramos
Diretor-geral do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas
"O Consórcio Pesquisa Café é um arranjo inovador e estratégico para a economia brasileira. Vencidas as dificuldades iniciais do trabalho cooperativo, sua constituição fez surgir uma vigorosa e bem articulada rede que reestruturou o aparato de ciência e tecnologia para o setor, possibilitando às universidades e centros de pesquisas incrementar sua capacidade de investigação, otimizar recursos e ampliar, em quantidade e qualidade, a oferta de inovações e serviços à cadeia produtiva. Ao fim de 15 anos, a comunidade científica ligada à cafeicultura tem razões de sobra para comemorar essa história de conquistas. E também celebrar um aprendizado que, em uma época de contínuas mudanças, ajudará a vencer os desafios das próximas décadas”
Florindo Dalberto
Diretor-Presidente do IAPAR
“A comemoração do 15º aniversário do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café é motivo de muito orgulho para o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que se sente devidamente inserido na discussão, estruturação, desenvolvimento de pesquisas básicas e aplicadas e, fundamentalmente, na integração de competências Institucionais no Espírito Santo e no Brasil. O êxito dos resultados são frutos de anos profícuos de dedicação, com eficientes planos para superar os desafios advindos do processo científico e tecnológico pertinente ao tema. Nestes 15 anos, pudemos nos conhecer melhor e propor alternativas de desenvolvimento conjunto em prol do agronegócio café. Os avanços alcançados, por si só, justificam a comemoração para validar os resultados, que servirão de referência na busca de novos caminhos na construção dos projetos de pesquisa e de transferência de tecnologia em prol do desenvolvimento e da sustentabilidade da cafeicultura capixaba e brasileira. Como uma das organizações fundadoras do Consórcio, o Incaper parabeniza todos os atuais consorciados por essa trajetória de 15 anos de integração, gestão e geração de conhecimentos e tecnologias”
Evair Vieira de Melo
Diretor Presidente do Incaper
“A constituição do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café pode ser considerada como o marco de maior importância e de efetiva integração de competências institucionais para o processo de desenvolvimento do Agronegócio Café do Brasil nas últimas décadas. A Universidade Federal de Lavras orgulha-se ao compartilhar com as demais instituições de ensino e pesquisa este momento, por ter participado da construção desta história de sucesso e de superação. Uma história rica em desafios vencidos, de uma comunidade científica que se integrou ainda mais a partir de uma realidade difícil vivida pela pesquisa cafeeira no final da década de 1990. Agora, consolidada, essa comunidade reitera seu compromisso e determinação, na expectativa de um futuro.
Fonte: Peabirus
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