Publicado em: 01/03/2025 às 18:00hs
A comercialização da safra de café 2024/25 do Brasil atingiu 93% até o dia 12 de março, segundo dados atualizados de Safras & Mercado. Esse número representa um avanço de 5 pontos percentuais em relação ao mês anterior e evidencia o ritmo acelerado das vendas em comparação ao mesmo período do ano passado, quando 84% da safra havia sido comercializada. O índice também está acima da média dos últimos cinco anos (2020-2024), que registrou cerca de 86% para o período.
O consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, destacou que o fluxo de vendas se intensificou no último mês, com os produtores aproveitando os picos de preço observados em fevereiro e no início de março. "A volatilidade climática tem gerado oportunidades de mercado. De maneira geral, o produtor segue uma postura cautelosa, fracionando as vendas e aguardando definições sobre a safra de 2025, além de possíveis oscilações no mercado financeiro", afirmou.
No entanto, Barabach observou que os compradores reduziram a intensidade das aquisições, o que contribuiu para a diminuição da liquidez nos negócios, especialmente no começo de março. "Embora os compradores ainda precisem garantir a compra do produto, essa necessidade não está sendo acompanhada pela mesma agressividade de antes", comentou.
As vendas de café arábica já alcançam 91% da produção, superando tanto o mesmo período do ano passado (80%) quanto a média dos últimos cinco anos (cerca de 84%). As cooperativas têm liderado o fluxo de comercialização. Já o café canéfora (conilon/robusta) está praticamente finalizado, com 97% da safra vendida. O ritmo de vendas do canéfora segue acelerado, superando as marcas do ano passado e a média dos últimos cinco anos, ambas em torno de 91%.
Barabach apontou que a escassez de café disponível nas mãos dos produtores deverá continuar a caracterizar o fim da temporada comercial 2024/25, contribuindo para a firmeza dos preços. "Os produtores tendem a continuar cautelosos, fracionando as vendas e ajustando os estoques restantes até a chegada da nova safra, a não ser que haja uma queda acentuada nos preços", analisou. Ele acrescentou que o cenário de oferta limitada, com estoques baixos e a menor safra de arábica esperada, tende a suavizar a pressão sazonal sobre a oferta no início da temporada 2025.
A previsão preliminar de Safras & Mercado para a safra de café 2025/26 do Brasil indica que, até o momento, apenas 13% do potencial produtivo foi comercializado, com as vendas de arábica alcançando 19% da nova safra. Esses números estão abaixo da média dos últimos cinco anos (2020-2024), quando cerca de 22% do potencial produtivo já havia sido negociado nesse mesmo período.
Gil Barabach apontou que as vendas da safra 2025/26 estão ainda lentas, especialmente no que diz respeito ao café canéfora. "A preocupação com as condições climáticas, incluindo a redução das chuvas e as baixas temperaturas nas últimas semanas, esfriaram as expectativas dos vendedores. Além disso, o preço mais baixo da safra nova em comparação ao atual tem dificultado as vendas antecipadas", explicou.
A expectativa de Barabach é que o ritmo de vendas continue moroso, pelo menos até a chegada da nova safra. A aceleração natural da oferta, com a entrada do café novo no mercado, também deverá ser mais moderada, uma vez que os produtores, atualmente, necessitam de menos sacas de café para cobrir seus custos, especialmente com a colheita.
O consultor alertou que os produtores devem ficar atentos às oportunidades de comercialização das safras futuras, pois o mercado pode passar por uma correção negativa com a chegada do café novo do Brasil e da Indonésia. Esse movimento pode se intensificar ao longo do segundo semestre de 2025, especialmente com projeções mais otimistas para a safra de 2026. "Esse cenário está condicionado, é claro, a uma situação climática favorável, sem seca ou geadas no inverno, e com boas chuvas durante as floradas e pós-florada", concluiu Barabach.
Fonte: Portal do Agronegócio
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