Café

Chuva na colheita valoriza café de qualidade

Umidade comprometeu primeiros lotes, que não atingiram padrão para exportação. Depois de reduzir área, Paraná se beneficia da valorização temporária do grão


Publicado em: 17/07/2012 às 11:30hs

Chuva na colheita valoriza café de qualidade

As adversidades climáticas registradas nas principais regiões produtoras de café do Brasil, incluindo o Paraná, comprometeram a qualidade dos primeiros lotes da safra 2012/13. Além de atrasar a colheita, as fortes chuvas de junho e início deste mês levaram parte dos grãos ao chão, deixando-os com características inferiores. O café que permanece no pé está úmido, o que pode elevar o índice de fermentação e dificultar a secagem do produto.

A queda na qualidade do café atinge os preços. Com menor volume de grão para exportação, as cotações subiram 35% nos últimos 30 dias. Na metade de junho, a saca (de 60 quilos) do tipo extra era negociada a R$ 320. Hoje, o produto não é encontrado a menos de R$ 430 a saca.

“O mercado está ansioso por grão de qualidade. Como os primeiros [lotes] estão ruins e a demanda está forte, o produto bom está mais valorizado”, explica Mauricio Muruci, analista da consultoria Safras & Mercado, de Porto Alegre (RS). “Além disso, os compradores estrangeiros não querem saber do produto da safra passada, apenas da atual.”

Como o país está em ano de produção alta – determinado pelo ciclo natural da cultura, em que os cafezais apresentam melhor rendimento a cada dois anos –, a estimativa é de 50,4 milhões de sacas na safra 2012/13. O volume é recorde considerando-se os últimos dez anos e 16% maior em relação à safra anterior, que foi de 43,5 milhões de sacas.

Do total, 38 milhões de sacas serão da variedade arábica e destinadas à exportação. O restante, 12 milhões de toneladas, robusta, voltada para o mercado interno. Maior produtor de café do mundo, o Brasil tradicionalmente exporta 80% da produção.

El Niño

Apesar dos investimentos realizados pelos produtores nos últimos anos em equipamentos para produzir mais e melhor, principalmente focando o mercado internacional, o volume de chuvas nos próximos meses será determinante para a produção. Há previsão de chuvas além do normal também para o segundo semestre.

Segundo Luiz Renato La­­zins­­ki, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a tendência é de clima bom com pouca precipitação, principalmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo, dois dos maiores produtores do país. “O risco está a partir de setembro quando está previsto o retorno do El Niño. Isso significa chuvas acima da média”, ressalta.

Aposta reduzida

Na contramão do crescimento nacional, o Paraná registra queda na área destinada ao café e, consequentemente, na produção. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), 69,5 mil hectares são usados atualmente e, um ano atrás, havia 74,8 mil hectares de cafezais. Com diminuição de 7% na extensão cultivada e previsão de queda de 3% na produtividade, a safra deve ser 10% menor, caindo de 1,85 milhão para 1,65 milhão de sacas.

Apesar do descrédito da cultura no estado, muitos produtores apostam no café. O agricultor Elói Ferri, da região de Londrina, Norte do Paraná, cresceu ajudando o pai na cafeicultura e, até hoje, mantém 7 hectares de cafezal. “Eu dei continuidade quando assumi o negócio 20 anos atrás. De dois anos para cá, o mercado deu uma melhorada”, diz.

Na safra passada, Ferri chegou a receber, em média, R$ 460 por cada uma das 150 sacas produzidas. Este ano, o preço caiu para R$ 360, o que fez com que o agricultor optasse por esperar para vender a produção de 200 sacas. “Vou aguardar até o final do ano na expectativa que o preço melhore”, aposta.

Fonte: Gazeta do Povo

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