Café

Cafeicultura não consegue ganhar espaço

Produto que já foi a principal fonte de economia do País sobrevive no Oeste, mas nada soberano


Publicado em: 23/04/2012 às 14:30hs

Cafeicultura não consegue ganhar espaço

Ele ainda é o queridinho dos brasileiros. Tradicional pela manhã para ajudar no despertar, segue à tarde para dar energia ou até mesmo se torna o companheiro indispensável durante as reuniões de trabalho e, por fim, ainda serve como despedida de um dia cansativo no fim da noite.

O café, que já foi a principal base da economia do País, não tem mais o status de outrora, quando as terras brasileiras eram ocupadas por imensas lavouras do fruto, mas ainda tem grande representatividade para o Brasil, garantindo-lhe o título de maior produtor e exportador de café do mundo, além de ser o maior consumidor do produto.

Café de agroindústria é mais forte ao paladar


Embora Minas Gerais lidere o ranking de produção no País, o Paraná também aparece forte na lista. No Estado, conforme informações do Deral (Departamento de Economia Rural), há uma área total de 75 mil hectares, o que gera uma estimativa de produção de 103 mil toneladas de café beneficiado ou 1,72 milhão de sacas de 60 quilos. Dentro desse panorama, a região Oeste abocanha apenas 5% da área total plantada nas regionais de Cascavel e Toledo. Em relação à produção, as regionais juntas representam 7,5% da produção do Paraná. Um número ainda fraco se comparado à região Norte, onde fica o maior produtor do Estado: Jacarezinho do Norte.

Mas há quem garanta que o café ainda é motivo de muitas alegrias no fim da safra. É assim que pensa o cafeicultor Antônio Osvaldo Simili, de Ouro Verde, distrito de Corbélia, que não se deixou levar pelo ciclo da soja e do milho: fortes culturas na região.

Ele viu a cafeicultura evoluir ao longo dos anos, das negociações até o maquinário utilizado na lavoura. Desde criança trabalha no campo e hoje aos 64 anos se orgulha de não ter abandonado a principal fonte de renda da fazenda de oito hectares, herança de família. “Todo agricultor tem anos bons e ruins, dependemos do clima, da produção, do preço da saca, mas, em geral, o café não tem me dado muita dor de cabeça. Ano passado, por exemplo, foi um ano bastante lucrativo. Já neste ano, a expectativa é menor”, explica.

De acordo com o cafeicultor, um dos maiores desafios de se trabalhar com o café ainda são as doenças e o clima. Este último é assunto quase que sombrio entre os trabalhadores rurais, devido ao fenômeno conhecido como Geada Negra, que em 1975 dizimou os cafezais paranaenses. No entanto, com a evolução das tecnologias de recuperação, esse fantasma tem preocupado cada vez menos.

Já em relação às doenças, o cafeicultor ressalta que, com a adoção de medidas preventivas, males como a ferrugem e a praga mineira já não assustam mais. “Hoje o produtor tem formas de evitar prejuízos, é muito diferente de anos atrás, em que se podia perder tudo por causa de uma praga”, avalia.

O PÓS-COLHEITA


O café produzido em Corbélia não chega até as grandes indústrias cafeeiras do País. O produto é somado a uma série de outras variedades que são produzidas na região, que, juntas, abastecem a Varanda Colonial, um espaço reservado para a Coperafa (Cooperativa de Agroindústrias Familiares do Oeste do Paraná), que fica no próprio Município.

Depois de moído e torrado, o café é embalado com a logomarca da cooperativa e vendido diretamente para o consumidor final, uma maneira de agilizar e potencializar os lucros de todos os cooperados.

Sobre o produto, o cafeicultor Antônio Osvaldo Simili é taxativo: “Muito melhor que o industrializado, pois não tem conservantes e possui um sabor mais forte. Quem experimenta não troca”.

O PANORAMA NACIONAL DO CAFÉ

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e o segundo maior consumidor do produto

O País apresenta, atualmente, um parque cafeeiro estimado em 2,3 milhões de hectares. São cerca de 287 mil produtores que, fazendo parte de associações e cooperativas, distribuem-se em 15 estados: Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo

Projeções do Ministério da Agricultura indicam que o consumo interno de café deve crescer 2,62% ao ano, na próxima década, devido ao aumento da produtividade. O consumo médio no Brasil é de 4,3 quilos de café torrado e moído por habitante/ano

Os principais destinos das exportações brasileiras de café são Alemanha, Estados Unidos, Itália e Japão. O Brasil supre 32% do mercado mundial em grão in natura, seguido de Vietnã, Colômbia, Indonésia e Guatemala

Em 2011, o Brasil produziu 43,5 milhões de sacas de 60 quilos - esse resultado se refere à bienalidade da cultura (que num ciclo a produção é baixa e, no outro ano, é mais alta), e representou 9,2% de todas as exportações brasileiras do agronegócio, que chegaram a aproximadamente 33,6 milhões de sacas de 60 quilos, com faturamento de US$ 8,7 bilhões:

- A safra prevista para 2012 é de 50,62 milhões de sacas
- A cadeia produtiva de café é responsável pela geração de mais de oito milhões de empregos no País.
 
Os prós e os contras da bebida na sua saúde


PRÓS

  • O consumo moderado de café (de três a quatro xícaras por dia) exerce efeito de prevenção de problemas tão diversos como o mal de Parkinson, a depressão, o diabetes, os cálculos biliares, o câncer de cólon e o consumo de drogas e álcool. Além disso, melhora a atenção e, consequentemente, o desempenho escolar e a produtividade no trabalho.
  • O café contém vitamina B, lipídios, aminoácidos, açúcares e uma grande variedade de minerais, como potássio e cálcio, além da cafeína.
  • O café tem propriedades antioxidantes, combatendo os radicais livres e melhorando o desempenho na prática de esportes.
  • Doenças como infarto, malformação fetal, câncer de mama, aborto, úlcera gástrica ou qualquer outro tipo de câncer não estão associadas ao consumo moderado de cafeína. Segundo alguns estudos, o seu consumo poderá mesmo baixar o risco de cancro da próstata.
  • Melhora a taxa de oxigenação do sangue.
  • A cafeína chega às células do corpo em menos de 20 minutos após a ingestão do café. No cérebro, a cafeína aumenta a influência do neurotransmissor dopamina.

CONTRAS

  • Ação diurética compulsiva causadora de perda de minerais e oligoelementos, aminoácidos e vitaminas essenciais.
  • Causa enfraquecimento do organismo por meios da perda de sódio, potássio, cálcio, zinco, magnésio, vitaminas A e C, bem como do complexo B.
  • Possui relação direta com a doença fibroquística (eventualmente precursora do “câncer da mama”).
  • Pode causar o aparecimento de polipos (primeiro estágio do câncer no aparelho digestivo), verrugas, psoríases e outras afecções dermatológicas.
  • Reduz a taxa de oxigenação dos neurônios.
  • Provoca uma maior secreção de ácido clorídrico, causando irritações nas mucosas intestinais que causam colites e ulcerações, principalmente para quem sofre de gastrite.

Fonte: O Paraná

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