Publicado em: 05/03/2012 às 13:20hs
Depois de obter o Certifica Minas, certificação com a chancela do Governo do Estado, que atesta as boas práticas agrícolas adotadas em propriedade cafeeira, por meio de processo executado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o cafeicultor venceu o Cup of Excellence – Natural Late Harvest, e agora aguarda o resultado de leilão internacional do lote de café premiado, para esta primeira quinzena de março.
A expectativa é de conseguir entre R$ 5 mil a R$ 7 mil por saca, preço considerado muito bom pelos especialistas. Cada saca tem 60 quilos do grão. O leilão, que deverá atrair a atenção de compradores de cafés especiais de todo o mundo, vai ofertar pela internet, no próximo dia 14, 17 sacas do café produzido no sítio Colina, de Luiz Flávio. O produto obteve 91,656 pontos (em uma escala de 0 a 100) no inédito concurso realizado em janeiro, pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). “Este foi o primeiro concurso do mundo de cafés naturais, que teve uma fase com provadores nacionais e internacionais. Mostramos que o Brasil tem muita qualidade para apresentar ao mundo. Desde 2001, a gente vem conquistando prêmios e já temos várias colocações em outros concursos de café, como o Illy Café e o Cup of Excellence (cereja descascado)”, afirma Luiz Flávio.
O extensionista do escritório local da Emater Luciano Neves, que acompanha a propriedade de Luiz Flávio e de outros cafeicultores, comemora o resultado do agora considerado o melhor café natural da safra 2011, no país. Neves também confirma que a região tem histórico de produzir cafés premiados e bem conceituados no mercado. “Carmo de Minas sempre foi destaque na produção e na conquista de bons prêmios de café, como no 8º Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas, ocorrido em 2011”, argumenta.
De fato, só no último Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas, o município e região conquistou os três primeiros lugares nas duas categorias concorrentes: Natural e Cereja Descascado. O Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas é realizado desde 2004 pelo Governo do Estado, por meio da Emater, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em parceria com diversas instituições públicas, privadas e de classe.
A Emater de Carmo de Minas atende cerca de 250 cafeicultores no município e região, prestando assistência na área de produção, colheita e pós-colheita, análise de solo, e tratos fitossanitários. A empresa também elabora projetos de custeio de café para atender demandas de agentes financeiros (crédito rural) e para acesso do agricultor familiar à linha de crédito Pronaf, segundo Luciano Neves. Grande parte do atendimento da empresa é dedicado às orientações, visando à adequação das propriedades cafeeiras às normas ambientais, sociais e econômicas preconizadas pelo Certifica Minas. Este programa da Seapa prevê estimular, junto aos produtores, a adoção de boas práticas de produção e gestão da propriedade para agregar valor ao café mineiro.
De acordo o técnico do Programa Certifica Minas, em Carmo de Minas, o agrônomo Saulo Silva de Morais, existem no município 23 propriedades certificadas. Já o coordenador técnico estadual, Julian Carvalho, afirma que em todo o Estado o número de certificadas chega a 1.431. Para 2012, segundo Julian, a meta é fechar o ano com cerca de 1.600 certificações no território mineiro. Técnicos da Emater explicam que o Certifica Minas diz respeito ao ano agrícola da propriedade. Isso significa que, para continuar sendo certificada, uma propriedade cafeeira precisa de ser acompanhada anualmente pela Emater. Também precisa passar pelo crivo de uma auditoria do IMA e de uma certificadora internacional, a IMO Control (Suiça).
Colheita gera emprego
Dados relativos a estudo do qual a Emater participou apontam que a região da Mantiqueira, formada por 22 municípios, tem cerca de oito mil produtores. Destes, 82% são agricultores familiares. O levantamento também mostra que a região é responsável por um milhão e 25 mil sacas de café, em uma área de 50 mil hectares. Ainda segundo a mesma pesquisa, a cafeicultura movimenta 150 mil empregos, entre diretos e indiretos.
O ganhador do Cup of Excellence – Natural Late Harvest, Luiz Flávio, confirma os números da atividade. “A cafeicultura de montanha gera muitos empregos para os municípios. Pessoalmente, tenho seis empregados para todas as atividades (ele também trabalha com leite e eucalipto), mas em época de colheita de café, que varia de quatro a seis meses por ano, o número desses trabalhadores sobe para 20”, afirma. Segundo o produtor, ele tem 30 hectares de café plantado, sendo 22 hectares em produção. Somente a cafeicultura detém uma produção média anual de 500 a 600 sacas de café dos tipos Natural e Descascado.
Diretor secretário da Cooperativa dos Cafeicultores do Vale do Rio Doce (Cocarive), que reúne 600 cooperados de uma área de 15 municípios do Sul, Luiz Flávio exporta café para Inglaterra, Japão e EUA. Como detentor do Certifica Minas, que conseguiu em janeiro último, ele reconhece o papel da Emater na produção de um café de melhor qualidade. “Temos uma natureza (microclima, altitude) que privilegia o café da região, mas existem cuidados com a lavoura e no pós-colheita que fazem toda a diferença na qualidade do nosso produto. A boa orientação da Emater ajuda bem nisso”, afirma.
Fonte: Jornal Correio dos Lagos
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