Publicado em: 19/08/2024 às 18:00hs
Em julho, o setor de exportação de café no Brasil enfrentou um atraso significativo, com 60% dos navios, ou 167 de um total de 277 embarcações, sofrendo alterações nas escalas ou atrasos nos principais portos do país. O Porto de Santos (SP) registrou o maior prazo de espera, com uma diferença de 55 dias entre o primeiro e o último prazo para o embarque. Esses dados foram revelados no Boletim Detention Zero (DTZ), produzido pela startup ElloX em parceria com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O relatório indica que o Porto de Santos, principal terminal de exportação de café brasileiro, com uma participação de 68,7% no total exportado até o final de julho, teve um índice de atrasos de 77% entre os porta-contêineres, afetando 105 dos 136 navios. Durante o mês de julho, apenas 15% dos embarques tiveram um prazo superior a quatro dias com portos abertos, enquanto 50% tiveram entre três e quatro dias e 35% menos de dois dias. Além disso, 11 navios não tiveram nenhuma abertura de gate, o que gerou custos adicionais não previstos para os exportadores, como pré-stacking, armazenagens extras e detentions.
No porto do Rio de Janeiro (RJ), que é o segundo maior exportador de café do Brasil, com uma participação de 28,2% no acumulado de 2024, 60% dos navios destinados às exportações enfrentaram atrasos em julho, o que envolveu 43 dos 72 embarcações.
Entre janeiro e julho de 2024, 21% dos procedimentos de exportação nos portos fluminenses tiveram prazos superiores a quatro dias, 40% entre três e quatro dias e 39% menos de dois dias.
Além do Boletim DTZ, o Cecafé realizou um levantamento que revelou que o Brasil deixou de exportar 1,262 milhão de sacas de café (equivalente a 3.823 contêineres) apenas em julho devido a atrasos, alterações de prazos e falta de contêineres e espaço nos terminais. Esse volume não embarcado representou uma perda de US$ 313 milhões, ou R$ 1,735 bilhão, considerando o câmbio médio de R$ 5,5414 no mês, e gerou prejuízos de R$ 7,456 milhões em custos extras para os associados.
Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, explica que o elevado número de navios com mudanças nas escalas e rolagens de carga contribui para a lotação dos pátios dos terminais, aumentando o tempo de espera e impedindo o recebimento das cargas destinadas às exportações. "Continuamos observando a chegada de cargas do interior que não conseguem entrar nos terminais devido à saturação dos pátios, gerando custos imprevistos e elevados aos exportadores brasileiros. Isso evidencia o esgotamento da infraestrutura e a necessidade urgente de expansão da capacidade de armazenamento nos portos", afirma.
Heron adverte que, se o cenário logístico não mudar e “nada for feito”, os atrasos contínuos dos navios e o aumento das exportações de café, algodão e açúcar no segundo semestre intensificarão os desafios e prejuízos ao setor exportador. "É crucial iniciar um diálogo com todos os envolvidos no comércio exterior, especialmente para resolver o impasse do projeto STS10 em Santos. Precisamos que as autoridades reconheçam a gravidade dos gargalos logísticos e os prejuízos causados aos exportadores, e que aumentem os investimentos emergenciais para não comprometer o potencial exportador do Brasil, especialmente no setor agro", conclui.
Exportadores interessados em acessar o Boletim DTZ podem se inscrever através do link. Após o cadastro, a ElloX fornecerá as orientações sobre os procedimentos para obter as informações dos terminais.
Fonte: Portal do Agronegócio
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