Café

A crise vai existir para quem não consegue ser eficiente', afirma novo diretor da COCATREL

Tem gente nova na direção da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel)


Publicado em: 23/04/2015 às 00:00hs

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Marco Valério Araújo Brito: Diretor Comercial da Cocatrel, Administrador de Empresas e Bacharel em Comércio Exterior
Por: Denis Pereira - Equipe Positiva

Tem gente nova na direção da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel). No fim do mês de março, a cooperativa realizou uma assembleia e nela foram eleitos os novos membros do Conselho de Administração para 2015/2018. O Conselho Fiscal também foi escolhido e trabalha durante o mandato, que tem duração de um ano. Marco Valério Araújo Brito, é o novo diretor comercial. O trespontano é cafeicultor há 15 anos e assumiu o cargo em 1º de abril. Marco Valério estudou em Belo Horizonte, fez faculdade na Capital e há muito tempo trabalha com mercado financeiro e já passou por corretoras de valores. Trabalhou durante dois anos no Departamento Nacional do Café (DENAC) em Brasília. Voltou para sua terra natal e desde 1.996 nunca deixou o setor cafeeiro. O cargo foi ocupado por 12 anos por Nivaldo Mello Tavares, que se despediu sendo homenageado.

Como é para você assumir este cargo de diretor comercial da Cocatrel?
Está sendo um privilégio. A Cocatrel é muito tradicional, respeitada, conceituada e tem um peso no mercado. É uma honra assumir este cargo e proporcional a responsabilidade. A responsabilidade é enorme, mas venho me preparando para isto e quero tentar contribuir com a nossa cooperativa.

Como tem sido estes primeiros dias trabalhando aqui dentro?
Estou começando e aprendendo. A cooperativa tem a vantagem de ter muitos funcionários com muita experiência, são capacitados e conhecem do assunto. Tenho escutado muito, conversado com muitas pessoas, conhecendo a casa, os cooperados e os funcionários.

Duas pessoas bastante experientes continuam na direção que é o presidente Francisco Miranda de Figueiredo Filho e o diretor comercial Jorge Luis Piedade Nogueira. Isto ajuda o seu trabalho?
O Francisco é cooperado há anos e está a bastante tempo na direção, é uma sustentação importante aqui, pessoa de grande peso, com muito conhecimento, maturidade e naturalmente dá uma tranquilidade, que junto com o Jorge Nogueira é bastante conceituado, juntamente com o Conselho muito bem formado, além de alguns superintendentes, Manoel e o Zé Scatolino que dão suporte para a gente manter esta cooperativa bem administrada. Isto foi decisivo para que eu entrasse, sabendo que há uma equipe competente para a gente desenvolver o nosso trabalho.

Como você vê o mercado financeiro na atualidade?
O mercado de café tem passado por algumas mudanças que eu acredito serem boas e positivas. Hoje eu vejo uma preocupação grande com a liquidez do mercado. A impressão que a gente tem é que isto se perdeu um pouco em relação ao passado. Antigamente se vendia café todos os dias. Hoje isto já não tem mais acontecido, em função da crise mundial, da oscilação do01 câmbio, até mesmo das mudanças de alguns pontos no próprio mercado de café. Hoje temos alguns períodos que o mercado fica a liquidez. Ou seja, não está vendendo com a mesma tranquilidade que vendia antes. Porém, há de se ressaltar que está havendo uma diferenciação, entre os cafés de qualidade. Já se consegue precificar, pagando melhor o café de qualidade. Vejo isto como uma evolução, uma diferença, uma separação dos cafés de qualidade com os de qualidade inferior. Acredito que os bons cafés, os finos e os especiais, vão continuar com a liquidez boa e com preços bons. Os que tem qualidade menor sofrerão um pouco mais. Mas o mercado de café é positivo, é construtivo será remunerador e acredito que tem condições de melhorar um pouco mais.

Para se manter no mercado e produzindo café, o produtor precisa cada vez mais primar pela qualidade?
Sem dúvida nenhuma, justamente pelo que eu acabei de dizer. Se você produzir um café de qualidade, naturalmente você vai conseguir um agi em relação a ele, mesmo que pequeno, e é um agi que tenha sido construído. A gente acredita que ele vai ter uma diferenciação daqui para frente. Eu acredito sim que é muito importante trabalhar com café de qualidade. Isto vai ter um retorno financeiro melhor. É uma característica da nossa região do Sul de Minas, de produzir café de qualidade e isto a gente não pode perder esta diferenciação. Algumas regiões não são.

Há anos tem se falado em crise do café. Você acredita que esta crise perdura?
O que tem acontecido é uma profissionalização muito grande na cafeicultura. Para quem não se preparar, não tiver uma boa gestão, não fizer um café de qualidade, a crise não vai passar. A tendência é que o próprio produtor, a cooperativa instruindo o cafeicultor, ele consiga ultrapassar este período. A crise vai existir para quem não consegue ser eficiente, trabalhar com custo dentro da realidade. A crise vai continuar para este tipo de produtor, mas nós somos produtores muito tecnificados, assim como o Sul de Minas. E nisto, a Cocatrel ajuda muito com o seu Departamento Técnico. Eu acredito que para quem vem se preparando e está preparado vai superar a crise. Agora, a crise existe, os custos aumentam a cada dia, a inflação é uma realidade, mas acho que juntos podemos superá-la.

O governo federal não tem sido parceiro dos cafeicultores?
Na verdade, o fomento da agricultura sempre esteve muito ligado a ajuda do governo, via IBC, isto há muito tempo atrás. Mas desde 1989, o IBC não existe mais e o governo não interfere na cafeicultura. Ele tem algumas políticas agrícolas e alguns financiamentos. Mas oficialmente não há uma política de interferência do governo na cafeicultura. Por mais que nós produtores, a cooperativa, o CNC questionem, peçam o Plano Safra, um financiamento específico, algumas políticas para o setor, como Opções, algumas vezes ele [governo federal] até incrementou algo, mas não é uma coisa consistente e contínua. São entradas pontuais, em alguma época ou em casos específicos e isto não é saudável. O ideal seria se houvesse uma política consistente. O governo não vem sempre ajudando a cafeicultura, mas é um questionamento antigo do setor, que não tem sido atendido.

Considerações finais
Eu apenas gostaria de agradecer a receptividade que estou sendo recebido. Agradecer o carinho dos cooperados, funcionários, companheiros de diretoria e conselhos. Quero dizer que a casa está aberta e sempre pauto pelo diálogo, por escutar e entender os anseios dos cooperados. O primordial é esta comunicação entre nós. Quero agradecer também esta oportunidade de me apresentar à Cocatrel e comunidade através da Equipe Positiva.

Fonte: Equipe Positiva

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