Publicado em: 07/02/2022 às 15:20hs
Comparando a média da primeira quinzena de dezembro/21 com o mesmo período do ano passado, as cotações do café arábica subiram 142,7%. Para o café robusta, no mesmo período, a alta foi de 107,9%, puxada pela quebra na produção em 2021. Na figura 1, está a escalada de preços no período de doze meses.
Figura 1.:Indicador Cepea/Esalq do mercado físico café arábica, em R$ por saca de 60kg líquido, bica corrida, tipo 6, bebida dura para melhor, valor descontado o prazo de pagamento pela taxa da NPR, posto-praça da cidade de São Paulo, médias mensais.
*até 13/12/2021
Fonte: Cepea / Esalq Compilado pela Scot Consultoria
As exportações nacionais de café (arábica, conillon, solúvel e torrado) somaram, no acumulado do ano, de janeiro a novembro, 36,3 milhões de sacas de 60kg. A receita cambial das exportações no período foi de US$5,4 bilhões, valor 5,9% maior que o mesmo período no ano anterior (Cecafé).
Fatores como produção em queda, intempéries climáticas, crescimento do consumo e estoques reduzidos favoreceram as altas dos preços, detalhes abaixo.
No ciclo 2019/2020, marcado pelo avanço da pandemia, foi possível observar uma retração no consumo no mercado mundial. Em relação ao ciclo anterior, a queda no consumo foi de 2,2%, estimado em 162,3 milhões de sacas. Na temporada 2020/2021, o consumo se recuperou, retornando ao crescimento dos últimos oito anos, intensificado pelo avanço na contenção da covid-19 e pela expectativa de recuperação na economia. Observe na figura 2 o avanço no consumo e expectativa para o próximo ciclo (2021/2022).
Figura 2.: Evolução no consumo de café e expectativa para 2021/2022, em milhões de sacas.
Fonte: USDA/ Elaboração Scot Consultoria.
Outro fator que tem sustentado os preços do café são as expectativas de produção para safra 21/22. Segundo estimativas do USDA, a produção mundial de café ficará abaixo da expectativa de consumo, estimada em 164,8 milhões de sacas. Com isso, podemos ter o menor estoque final desde a safra 2011/2012, cerca de 32 milhões de sacas.
No Brasil, as expectativas apontam para queda de produção na próxima colheita. O ciclo atual seria de bienalidade positiva, porém, os períodos alongados de estiagem e as geadas registradas este ano afetaram significativamente a recuperação pós-colheita e a floração dos cafezais.
Segundo as estimativas da Conab, a queda na produção do café arábica será de 36,9%, chegando a 30,7 milhões de sacas. Para o robusta, o ajuste foi positivo, crescimento de 12,8%, chegando a 16,1 milhões de sacas, provavelmente devido ao aumento da área plantada (+2%) e à menor incidência de geadas nas regiões produtoras dessa variedade.
Para 2022, a expectativa é de preços firmes, devido a oferta e estoques apertados e, também, com o aumento no consumo mundial.
Os efeitos do La Ninã também merecem atenção, visto que pode afetar o enchimento dos grãos de café no início de 2022, não só no Brasil, como também na Colômbia, grande produtora de café arábica.
Para o curto prazo, a expectativa é de preços firmes, diante dos estoques mundiais em menores patamares, aquecimento na demanda com a chegada do período frio no hemisfério norte, câmbio elevado e as incertezas que pairam sobre a próxima safra.
por Equipe Scot Consultoria
Fonte: Scot Consultoria
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