Biológicos e Bioinsumos

Soluções biológicas ganham destaque na recuperação de pastagens degradadas no Brasil

Uso de microrganismos pode restaurar até 28 milhões de hectares, ampliando a produtividade agrícola e reduzindo impactos ambientais


Publicado em: 15/04/2025 às 15:00hs

Soluções biológicas ganham destaque na recuperação de pastagens degradadas no Brasil

Um levantamento recente da Embrapa revelou que o Brasil possui aproximadamente 28 milhões de hectares de pastagens cultivadas em estágios intermediários ou severos de degradação, com potencial para conversão em áreas agrícolas. Se destinadas ao cultivo de grãos, essas terras representariam um acréscimo de cerca de 35% na área total plantada em comparação com a safra 2022/23, que somou 74,3 milhões de hectares, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Diante desse cenário, especialistas reforçam a necessidade de conscientizar os produtores rurais e demais agentes da cadeia agropecuária sobre a importância da preservação do solo, considerado o principal recurso produtivo do setor. “Um solo de boa qualidade apresenta altos níveis de carbono e biodiversidade, favorecendo processos essenciais como a ciclagem de nutrientes, a infiltração de água e a supressão natural de pragas e doenças”, explica Fernando Bonafé Sei, gerente de serviços técnicos para a América Latina da Novonesis, líder global em biossoluções.

O manejo sustentável do solo vem se consolidando como uma estratégia eficaz, impulsionado por estudos e tecnologias baseadas em insumos biológicos. Entre as alternativas destacam-se inoculantes, promotores de crescimento, biofertilizantes e agentes de controle biológico de pragas e doenças. “Essas ferramentas podem ser determinantes na recuperação da terra”, observa Bonafé Sei.

Um dos principais destaques entre essas soluções é a fixação biológica de nitrogênio (FBN), tecnologia considerada ambientalmente segura e economicamente vantajosa por reduzir a necessidade de fertilizantes sintéticos, responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa. “Por serem tecnologias renováveis e não poluentes, elas favorecem o equilíbrio da biodiversidade do solo, controlando a presença de organismos benéficos e nocivos, promovendo a reciclagem de nutrientes e aumentando a produtividade das lavouras”, complementa o especialista.

A adoção de insumos biológicos, segundo ele, potencializa a ação de microrganismos benéficos, estabilizando o solo e aumentando sua capacidade de sustentar o desenvolvimento das plantas, o que se traduz em ganhos expressivos de produtividade. Dados da Embrapa indicam que o uso desses insumos pode elevar a produtividade da soja em até 8%. “Os benefícios, naturalmente, variam conforme as condições regionais, tipo de solo, clima e nível tecnológico adotado. No Brasil, estima-se que mais de 130 milhões de doses de inoculantes sejam aplicadas anualmente nas lavouras, contribuindo para a conservação dos recursos naturais e o avanço da produção agrícola”, destaca.

Indicadores de qualidade do solo

A saúde do solo é medida a partir de indicadores físicos, químicos e biológicos. Entre os parâmetros físicos, estão a porosidade, a densidade aparente e a resistência à penetração. Já os indicadores químicos incluem a capacidade de troca de cátions (CTC), acidez (pH), teores de alumínio e disponibilidade de nutrientes como fósforo e potássio. No âmbito biológico, são avaliados fatores como a presença de macrofauna, a atividade microbiana, o teor de matéria orgânica e a análise BioAS (Bioanálise do Solo). Uma avaliação integrada desses indicadores permite compreender os efeitos das práticas de manejo sobre a saúde e o potencial produtivo do solo.

Panorama das áreas degradadas

Segundo a Embrapa, dos 28 milhões de hectares de pastagens degradadas no país, cerca de 10,5 milhões apresentam degradação severa, enquanto 17,5 milhões estão em estágio intermediário — ambas com alto potencial de conversão para a agricultura. Os estados com as maiores áreas de pastagens degradadas são: Mato Grosso (5,1 milhões de hectares), Goiás (4,7 milhões), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões), Minas Gerais (4,0 milhões) e Pará (2,1 milhões).

Esses dados reforçam a urgência em adotar tecnologias regenerativas que promovam a recuperação do solo e impulsionem a sustentabilidade do agronegócio nacional.

Fonte: Portal do Agronegócio

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