Publicado em: 02/09/2024 às 08:00hs
Com o término do vazio sanitário se aproximando, os produtores de soja em todo o Brasil aceleram os preparativos para o início do plantio, previsto para o final de setembro. Na busca por uma safra bem-sucedida, muitos estão investindo em estratégias de manejo que não só visam aumentar a produtividade, mas também promover uma agricultura mais sustentável.
Neste contexto, as tecnologias biológicas têm ganhado destaque. Estas inovações, que utilizam microorganismos benéficos para melhorar o desempenho das culturas, trazem diversos benefícios. Além de fortalecer a saúde do solo e das plantas, esses produtos aumentam a resistência das culturas a pragas, doenças e variações climáticas, como alterações de temperatura e estresse hídrico. Um dos principais destaques das tecnologias biológicas é a melhoria na fixação de nitrogênio, um nutriente crucial para o desenvolvimento da soja.
Reinaldo Bonnecarrere, engenheiro agrônomo e especialista em nutrição de plantas, enfatiza a importância dos bioinsumos na produção de soja: “Para alcançar uma lavoura mais rentável e sustentável, é essencial utilizar bioinsumos, como inoculantes e bioindutores. Escolher um tratamento biológico de alta performance é crucial para obter bons resultados.”
Diretor de Biológicos da Indigo Agricultura, Bonnecarrere observa que o Brasil já lidera o mercado global de biológicos e continua a crescer rapidamente. De acordo com um levantamento da Consultoria Blink e da CropLife Brasil, o mercado de bioinsumos no país teve uma taxa média de crescimento anual de 21% nos últimos três anos, quatro vezes maior que a média global. Na safra 2023/2024, as vendas de produtos biológicos alcançaram R$ 5 bilhões, representando um aumento de 15% em relação à safra anterior.
Entre os bioinsumos, os destinados à soja são os mais utilizados. Mais de 55% dos bioinsumos aplicados na última safra foram direcionados a essa cultura, evidenciando a crescente demanda por tecnologias mais eficientes e sustentáveis.
Os biológicos também têm conquistado espaço significativo no controle de fitonematoides, pequenos organismos que causam grandes prejuízos às lavouras. Atualmente, esses produtos dominam 75% do mercado de nematicidas no Brasil. Estudos da Sociedade Brasileira de Nematologia alertam que os prejuízos causados por fitonematoides podem alcançar R$ 870 bilhões nos próximos dez anos.
O investimento em nematicidas biológicos aumentou consideravelmente, passando de R$ 160 milhões em 2014/15 para R$ 1,56 bilhão na safra 2021/22, segundo o levantamento FarmTrak, da Kynetec. Em 2015, os produtos químicos representavam 94% do mercado, enquanto os biológicos correspondiam a apenas 6%. Em 2022, a situação se inverteu, com os biológicos representando 75% das vendas e os químicos menos de 25%.
Bonnecarre atribui essa mudança à alta eficácia dos biológicos no controle de nematoides, sua atuação prolongada e a ausência de resistência das pragas. Além disso, esses produtos são menos tóxicos e oferecem benefícios adicionais às plantas, como um melhor desenvolvimento radicular e maior tolerância a condições adversas.
“O crescente investimento em produtos biológicos reflete uma busca por maior sustentabilidade e uma evolução na estratégia de produção agrícola. Isso garantirá que a próxima safra de soja não apenas supere desafios, mas também pave o caminho para um futuro mais próspero e sustentável para a agricultura brasileira”, conclui Bonnecarre.
Fonte: Portal do Agronegócio
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