Uma das maiores empresas que atuam em Bolsas de Mercadorias, o CME Group, está lançando pela primeira vez contratos futuros para o comércio do trigo russo produzido na zona do Mar Negro. O mercado futuro é um instrumento que proporciona a fixação do preço de produtos, por negociação de contratos que são liquidados em data futura. Especialistas e analistas econômicos consideram este passo como um sinal decisivo para o mercado de grãos russo que, a partir de agora, passará a dispor de um indicador independente e permanente de preços de seu principal produto de exportação, índice este que deverá começar a funcionar já nos próximos meses.

O novo instrumento financeiro irá simplificar bastante o comércio de trigo russo no mercado mundial. A novidade, no entanto, ainda não será válida para o Brasil, pois a autorização para a entrada de trigo russo no país ainda não foi concedida. Mas, na opinião dos analistas, o trigo russo negociado no mercado futuro permitirá aos exportadores ter melhor controle sobre preços, cotações e necessidades dos seus consumidores, através de acompanhamento e da elaboração de um contrato padrão. Esta é a convicção do vice-presidente da Associação de Produtores de Grãos da Rússia, Aleksandr Korbut. “Neste tipo de comércio, por meio do mercado futuro, todos os indicadores são rigorosamente estabelecidos. Uma determinada mercadoria é vendida de forma concreta com determinadas características de qualidade e a sua entrega é feita em data futura. Os contratos são feitos de forma standard, padrão, com base nos parâmetros estabelecidos pela Bolsa de Mercadorias de Chicago. Os contratos futuros permitem evitar riscos porque o sistema é transparente. Existem rigorosos e claros dados indicativos do que irá acontecer com os preços em um ou outro período. Esta previsibilidade permite melhorar o clima de investimentos no mercado de grãos russo, e os protagonistas deste mercado trabalham com maior segurança.”

O preço do trigo russo não possuía um indicador fixo nem mesmo uma referência variável. Com a entrada do trigo russo no mercado futuro, este problema fica resolvido, afirma Andrei Sizov, diretor do Centro de Análises SovEcon. “Até agora, tínhamos cotações do trigo do Mar Negro fornecidas por várias empresas. Existem também os leilões realizados pelos egípcios. O Egito é um dos maiores importadores de trigo do mundo e um grande importador do trigo russo. Só que estes leilões se realizam, em média, de dez em dez dias, ou seja, sabe-se apenas o preço que é estabelecido para esse período. Agora, com os contratos futuros, pode-se, a qualquer momento e em qualquer terminal saber as cotações e a que preço o trigo do Mar Negro está sendo negociado.” Os economistas e produtores rurais russos esclarecem que a classificação de Trigo do Mar Negro abrange o trigo produzido nas regiões meridionais do país bem como o trigo da Ucrânia e do Cazaquistão. A participação destes três países no mercado mundial do trigo atinge mais de 25% e os especialistas preveem um crescimento deste indicador. Por isso, o interesse de todos os envolvidos na produção do trigo compreensível, comenta Andrei Sizov. “É bastante difícil ignorar o mercado russo e o trigo do Mar Negro, tendo em conta que, nas últimas décadas, os volumes de exportação praticamente duplicaram. Agora que o mercado mundial está estagnado, é perfeitamente realista esperar que a cota-parte da região do Mar Negro continue a crescer. Assim sendo, por que não investir neste interessante mercado?”

A Bolsa de Mercadorias de Chicago integra o CME Group, corporação apontada como a maior autoridade no comércio de produtos agrícolas. O grupo possui ainda a Bolsa de Comércio de Chicago e a Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque, a New York Mercantile Exchange, Nymex.