Aveia, Trigo e Cevada

Trigo para biscoito vira oportunidade no campo

Com o incentivo dado no país à produção do trigo tipo pão, destinado à panificação, a matéria-prima para a bolachinha do café da tarde "trigo tipo brando" ficou mais rara e agora se transforma em oportunidade


Publicado em: 18/02/2013 às 08:50hs

Trigo para biscoito vira oportunidade no campo

Atender a essa demanda da indústria, com produção anual de 1,2 milhão de toneladas, virou um nicho de mercado para os produtores. O avanço do trigo pão nas lavouras foi resultado do incentivo dado por agricultores e governo federal ao cultivo da variedade, a indústria de panificação é responsável por cerca de 60% do uso do cereal no Brasil, como forma de reduzir a dependência do produto vindo da Argentina. Com isso, a produção do trigo brando perdeu espaço no território nacional.

No entanto, houve quem aproveitou para se especializar no fornecimento da matéria-prima para a produção de bolachas. Um exemplo é a Cooperalfa, cooperativa com base na região oeste de Santa Catarina, onde cerca de 4,5 mil famílias produzem 10 mil toneladas de trigo brando por safra, vendidas às indústrias de biscoitos.

"Desde os anos 1980, nossos cooperados produzem trigo brando. Já é uma característica da região. Por causa disso, buscamos clientes nesse mercado. Com o incentivo para a produção do trigo pão, vimos na redução da matéria-prima uma chance de crescer" ressalta Julio Bridi, supervisor do moinho da Cooperalfa.

Apenas 10% da produção do país é do tipo brando

No Rio Grande do Sul, ainda não existem cooperativas organizadas com este foco. Conforme dados da Embrapa Trigo, nos últimos sete anos, o número de cultivares de trigo brando disponíveis no mercado brasileiro diminuiu de 60% para 6%. O chefe-geral da instituição, Sérgio Dotto, avalia que apenas 10% da produção do cereal no país é da variedade para as indústrias de biscoitos e bolachas, que tem menor força de glúten (conjunto de proteínas que auxiliam no crescimento da massa do pão).

"Com o tempo, a tendência é de que este se torne um mercado dirigido, sob encomenda. O produtor pode destinar uma pequena parte para este segmento", salienta Dotto.

Apesar da diferenciação, o reflexo ainda não deve ser sentido nos preços. O mínimo estipulado pelo Ministério da Agricultura para o período entre julho de 2012 e julho de 2013 é de R$ 30,06 a saca de 60 quilos para a variedade pão, enquanto o brando, que se divide em básico e doméstico, varia de R$ 20,85 (básico) a R$ 25,02 (doméstico).

Fonte: Zero Hora

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