Publicado em: 03/01/2012 às 15:30hs
Uma das doenças que pode causar prejuízos no trigo é a giberela, causada por fungos do complexo fusarium. Além da redução da produtividade, esses fungos produzem metabólitos tóxicos, ou seja, as micotoxinas. A mais importante é a desoxinivalenol (DON). Além da diminuição da produtividade da lavoura causada pela doença, as micotoxinas causam danos à saúde dos animais e pessoas, como a queda da imunidade. Para prevenir ou minimizar o surgimento da doença, o produtor precisa adotar algumas medidas de manejo, como o uso de cultivares resistentes, o controle químico ou ainda a utilização do Sisalert, um sistema de alerta que permite verificar se as condições da lavoura são propícias para o desenvolvimento da doença.
Quando presentes em grandes concentrações, as micotoxinas podem reduzir a imunidade dos animais e humanos que consomem os alimentos contaminados. Elas têm ainda um impacto importante nas crianças e animais em fase de crescimento, pois atuam na inibição de enzimas que controlam o crescimento — afirma Cassiane Tibola, pesquisadora na área de controle de qualidade e rastreabilidade da Embrapa Trigo.
Ela diz ser importante que o produtor faça um monitoramento para detectar as micotoxinas e separar os lotes que estão mais contaminados. Esses lotes devem ser destinados, por exemplo, a animais como os ruminantes e as poedeiras, que possuem um metabolismo capaz de reduzir o efeito negativo das micotoxinas.
A giberela é muito influenciada pelas condições climáticas, sendo mais atuante no período de floração do trigo, período quando a planta é mais suscetível à doença, como conta a pesquisadora. Como medidas de manejo, o produtor deve utilizar as cultivares mais resistentes do mercado, fazer o escalonamento na semeadura do trigo, utilizar o Sisalert, um sistema de alerta desenvolvido pela Embrapa Trigo em parceria com a Universidade de Passo Fundo que permite verificar se as condições da lavoura são propícias para o desenvolvimento da doença. Esse sistema está disponível gratuitamente na página da Embrapa Trigo (http://sisalert.com.br/site/).
Além disso, o produtor precisa fazer também o uso do controle químico no momento adequado e o monitoramento das micotoxinas após a colheita. Já na fase de armazenamento, é importante que seja feita a limpeza e a pré-limpeza na unidade armazenadora e a eliminação dos grãos ruins. A secagem deve ser feita o mais rápido possível — orienta.
Cassiane diz ainda que, no Brasil, a legislação controla os níveis de micotoxinas no trigo e em outros grãos. Ela foi implementada em 2011 para o trigo, sendo que algumas restrições são de aplicação imediata e outras progressivas. Já em 2012, todo o trigo industrializado sofrerá uma restrição de DON, o que já acontece hoje em produtos destinados à alimentação infantil. Para se adequar à nova legislação, é importante que os produtores realizem as boas práticas de manejo citadas anteriormente.
Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Trigo através do número (54) 3316-5800.
Fonte: Kamila Pitombeira/Portal Dia de Campo
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