Publicado em: 28/01/2025 às 11:15hs
As exportações de trigo da França estão enfrentando sua pior fase em décadas, refletindo uma série de fatores adversos. A combinação de uma safra abaixo do esperado, uma diminuição na demanda de grandes compradores como a China e a Argélia, além da crescente concorrência com a Rússia, está resultando em uma perda significativa de participação no mercado global. A situação é agravada por uma queda no preço dos grãos, em um cenário de forte oferta internacional.
Este cenário tem sido mais um golpe para os agricultores franceses, que já enfrentam uma pressão crescente devido à queda na renda e à intensa competição internacional. Com uma menor quantidade de trigo sendo vendida, os produtores não conseguem elevar os preços, já que a abundância de colheitas em outras regiões do mundo mantém os mercados de exportação bem abastecidos. De acordo com o escritório nacional de estatísticas, a redução das exportações pode resultar em uma perda de 0,2 ponto percentual no crescimento econômico da França.
A FranceAgriMer, agência agrícola francesa, manteve sua previsão de exportação de trigo mole para fora da União Europeia para a temporada 2024/25 em 3,5 milhões de toneladas métricas. Esse número representa uma queda de dois terços em relação à temporada anterior e é o menor volume registrado no século. No entanto, com a primeira metade da temporada apresentando exportações abaixo do esperado, alguns analistas consideram improvável que o total chegue a 3 milhões de toneladas.
A queda na produção de trigo foi exacerbada pelas chuvas que afetaram a safra, resultando na menor colheita de trigo mole na França desde a década de 1980. Além disso, a qualidade mista das colheitas dificultou o acesso aos mercados internacionais. A competição com outros produtores europeus, especialmente a Rússia, e a diminuição da demanda de mercados-chave como a Argélia e a China, têm tornado a situação ainda mais desafiadora para a França. A Rússia continua a expandir suas exportações de trigo, apesar das sanções internacionais em decorrência da invasão da Ucrânia.
Após anos enviando grandes volumes de trigo para a Argélia e a China, a França tem enfrentado dificuldades para manter suas exportações para esses países. Até o momento, a França enviou apenas uma remessa de trigo para a Argélia e nenhuma para a China na temporada 2024/25. No Marrocos, outro mercado importante, as vendas caíram mais de 50%.
As tensões diplomáticas entre a França e a Argélia, alimentadas pela posição de Paris sobre a soberania do Marrocos sobre o Saara Ocidental, levaram a Argélia a excluir implicitamente as empresas francesas de suas licitações de importação de trigo. Enquanto isso, o mercado marroquino pode passar a importar mais trigo russo do que francês, devido à insuficiência de oferta da França para atender à demanda local. A França agora se vê em uma posição de fornecedora secundária no mercado global de trigo e precisará buscar novos destinos para sustentar suas exportações. Nesse sentido, grupos como a InVivo e a Senalia têm procurado diversificar os pontos de exportação, com foco em mercados do Oriente Médio, onde há espaço para promover os grãos franceses ao lado de outras origens.
Fonte: Portal do Agronegócio
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